Jornalista é secretário de Redação da área de Produção da Folha, onde trabalha desde 1998. Escreve às quintas.
2016 foi cruel com apostas tão peremptórias quanto equivocadas
Pablo Martinez Monsivais-10.nov.2016/Associated Press | ||
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante encontro com Barack Obama na Casa Branca |
SÃO PAULO - Se até o passado é imprevisível, segundo a máxima sempre atribuída ao ex-ministro Pedro Malan, imagine o futuro. Um ano como 2016 é bastante cruel com apostas tão peremptórias quanto equivocadas. Vale rememorar algumas:
—"Nós vamos enterrá-lo na Câmara [o pedido de impeachment]. Não tenho dúvida de que a gente vai a 250, 255 votos" Esse era o ministro Jaques Wagner, em janeiro. Dilma precisava de 171 votos. Teve 137.
—"Morte e destruição: cinco sinais de que o Rio não está pronto para os Jogos", titulou o "USA Today", em junho, antes de uma Olimpíada sem maiores tropeços. A tal "morte" era a de uma onça —em Manaus.
—"Ele é uma piada pronta", disse Andrea Matarazzo sobre João Doria, que o derrotou na disputa do PSDB para definir o candidato a prefeito de São Paulo. A "piada pronta" obteve inédita vitória em primeiro turno. Matarazzo deixou o partido, uniu-se a uma ex-rival e acabou em quarto.
—"Nós não vamos morder a isca. Se você está interessado no que Donald tem a dizer, encontrará isso perto de reportagens sobre as Kardashians e 'The Bachelorette'", explicou o site The Huffington Post ao justificar por que cobriria em entretenimento, e não em política, a corrida à Casa Branca de Trump, que considerava "atração secundária".
—"Por margem estreita, a Grã-Bretanha decidirá permanecer na União Europeia", cravou a revista "The Economist", tropeçando no seu quintal.
—Nada, porém, tem mais impacto do que as tradicionais derrapadas das lunetas econômicas, não só por afetar a vida de tanta gente como pela sequência incrivelmente longa já antes de 2016. "Se tomarmos providências, temos bastante chance de um segundo semestre favorável", disse em junho de 2015 o ministro Joaquim Levy. Seu sucessor empurrou a aposta para 2016 —que acaba com as previsões originais para 2017 soando otimistas demais. Tomara que a correção também esteja errada.
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