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ronaldo lemos
Pague para ver os filmes nos sites dos cineastas
DE SÃO PAULO
Quer assistir a três filmes ótimos? Então esqueça os cinemas e fique de olho na internet. Cada vez mais, cineastas antes "independentes" só na forma de produzir os filmes estão se tornando independentes também na hora de distribuí-los. E usando a rede para isso.
É o caso no novíssimo (e aguardado) filme "Upstream Color", do diretor, ator, roteirista e produtor Shane Carruth. Ele ganhou notoriedade por ter produzido uma gema cinematográfica, o filme "Primer" (2004).
Feito com míseros US$ 7.000 (cerca de R$ 14 mil), o longa trata de engenheiros que por acaso inventam um jeito de voltar no tempo. Só que Carruth faz isso de forma original, densa e realista.
O diretor também vai distribuir "Upstream Color" no próprio site. Quem quiser ver, vai comprar o filme diretamente dele (vale a pena, o filme é tão bom quanto "Primer").
A mesma estratégia foi adotada por Hal Hartley, cineasta "cult" dos anos 1990 que dirigiu filmes como "Amateur" e "As Confissões de Henry Fool". Seu simpático novo filme,
"Meanwhile", só pode ser visto se comprado diretamente pela internet em DVD (bit.ly/lQT3F8).
Outro que aderiu ao modelo é Larry Clark, diretor de filmes sobre adolescentes como "Kids", que lançou a atriz Chloe Sevigny nos anos 1990. Para ver seu novíssimo "Marfa Girl", só na rede.
Basta pagar US$ 5,99 (cerca de R$ 12) pelo streaming e apertar play diretamente no seu site bit.ly/R2jcpM.
As receitas assim podem ser menores, mas vão diretamente para a produção. Para cineastas que possuem um número estável de fãs, pode ser bom negócio.
Alô, Kleber Mendonça Filho (diretor de "O Som ao Redor"), fique de olho.
Ronaldo Lemos é diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e do Creative Commons no Brasil. É professor de Propriedade Intelectual da Faculdade de Direito da UERJ e pesquisador do MIT Media Lab. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como 'Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música' (Aeroplano) e 'Futuros Possíveis' (Ed. Sulina). Escreve às segundas.
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