É advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITSrio.org). Mestre em direito por Harvard. Pesquisador e representante do MIT Media Lab no Brasil. Escreve às segundas.
Brasil bate recorde em bitcoins
Você já deve ter ouvido falar no bitcoin, a moeda virtual criada na internet por meio de criptografia, sem a intervenção de qualquer governo ou entidade privada. No mês de julho de 2015, o Brasil bateu seu recorde local de transações. Foram negociados 10 mil bitcoins no país, equivalentes a R$ 9,3 milhões. A maior transação individual foi no valor de R$ 163 mil.
Isso representa um aumento de 36% no volume monetário aplicado no país em bitcoin. Do início do ano até agora, o volume negociado já ultrapassa todas as transações feitas em 2014 –e o viés é de alta.
Crises políticas e econômicas são uma mão na roda para o bitcoin. Na crise da Grécia, a situação foi similar. Houve relato de aumento de até 79% no volume de bitcoins do país negociado nas principais bolsas.
Os evangelistas mais acirrados chegaram a sugerir que a Grécia "bitcoinizasse" sua economia, trocando o euro pelo bitcoin. Péssima ideia, que só serviria para agravar a crise. Isso porque o bitcoin é uma moeda com estoque constante (e por isso, deflacionária). É impossível criar bitcoins adicionais.
Para a Grécia ou qualquer outro país, a consequência de adotá-lo seria abrir mão completamente da política econômica na forma de ajuste monetário. Com o euro, ao menos existe o Banco Central Europeu capaz de ajustar o volume da moeda. No caso do bitcoin, nem isso. Seu volume é fixo e ponto final.
Se do ponto de vista macroeconômico o bitcoin seria uma má ideia para a Grécia, do ponto de vista individual dos cidadãos gregos a questão é bem diferente.
Em um momento em que o governo grego impôs ferrenho controle de capitais, fechando bancos por vários dias, impedindo saques e transações internacionais, o bitcoin virou um ativo atraente. Isso porque ele é incontrolável. Quem tem bitcoin na carteira pode fazer o que quiser.
Pode enviá-los para qualquer lugar do mundo instantaneamente, sem controle. Convertê-los na hora em qualquer moeda do planeta. Ou comprar mercadorias. É cada vez maior o número de estabelecimentos que aceitam bitcoins. Em São Paulo, por exemplo, o Bar do Zé Gordo, no Itaim, aceita que a conta seja paga com a moeda virtual.
Um desafio, no entanto, é a volatilidade. Quando descobri o bitcoin em 2011, logo após seu lançamento, sua cotação era de US$ 4 por bitcoin. Achei muito caro e não comprei nenhum. Hoje, um bitcoin vale US$ 283. De lá até aqui, a flutuação da moeda foi intensa. Já houve picos em que chegou a US$ 1.100 a unidade. E quedas vertiginosas do dia para a noite.
O fato é que tem cada vez mais gente apostando em moedas virtuais, seja como investimento ou como meio de transferência de recursos. Com a crise brasileira, é de se esperar novos recordes para a movimentação de bitcoins no país.
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JÁ ERA
Privacidade
JÁ É
Surveillance (vigiar os outros)
JÁ VEM
Selfveillance (vigiar a si mesmo)
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