É advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITSrio.org). Mestre em direito por Harvard. Pesquisador e representante do MIT Media Lab no Brasil. Escreve às segundas.
Listas de 'melhores do ano' diluem grande número de novidades
AFP PHOTO / EUROPEAN SOUTHERN OBSERVATORY | ||
O asteroide interestelar Oumuamua, descoberto em outubro de 2017 |
2018 vai chegando, e as listas de "melhores de 2017" vão aparecendo. Elas são úteis. Ajudam a mitigar -ainda que sem resolver- um duplo problema.
Primeiro, vivemos em tempos de inflação cultural. Nunca se produziu tanta coisa, em todas as áreas. Segundo, há uma fragmentação em curso de valores, gostos e preferências.
Com tantas opções do que ver, ouvir, interagir ou jogar, cada pessoa tende a construir um universo de referências próprias, que muitas vezes não se comunica com outras pessoas. É o fenômeno da "bolha", aplicado à cultura.
É nesse contexto que as listas desempenham a quixotesca tarefa de tentar estabelecer um conjunto de referências mínimas comuns. É claro que elas também falham diante da inflação cultural: o próprio número de listas se multiplica, e é difícil saber qual possui um pouco de objetividade.
É justamente nesse contexto que vale aproveitar o fim do ano para fazer uma lista absolutamente pessoal de fatos e artefatos culturais que chamaram a atenção em 2017.
O primeiro foi a morte prematura no início do ano do escritor e crítico cultural Mark Fisher, também conhecido com k-punk. Fisher é um dos mais potentes pensadores para entender o mundo contemporâneo.
Seu livro "Capitalist Realism" é seminal. A perda de k-punk faz tanta falta quanto a de J.G. Ballard há alguns anos. O mundo que ambos preconizaram está entre nós.
Exemplo desse mundo é a obra (se é que pode ser chamada assim) da escritora, editora, curadora e agora artista plástica Elise By Olsen. Apesar do extenso currículo, a norueguesa tem apenas 17 anos.
Aos 8, ela criou seu blog. Aos 13, fundou a revista "Recens Paper", que virou referência sobre cultura jovem na moda e na publicidade.
Ela acaba de abandonar a editoria da revista "deixando-a para gerações mais novas", nas suas próprias palavras.
Encontrou-se recentemente com o curador Hans Ulrich Obrist e está direcionando seu trabalho para as artes plásticas, como artista e curadora.
O que chama a atenção em Elise é o rosto de profundo enfado quando posa para fotos. Ela é a materialização dos personagens que Ballard chamou de "so young, and already world-weary" (tão jovens e já cansados do mundo) no livro "Super-Cannes".
Outro destaque cultural do ano foi a passagem do misterioso "oumuamua", o primeiro objeto interestelar observado dentro do sistema solar.
O termo significa "mensageiro que vem de longe e chega primeiro" em havaiano.
Trata-se de um suposto asteroide de forma alongada (o que é pouco usual) que veio da direção de Vega e usou a gravidade do nosso Sol para acelerar e mudar o rumo para Pégaso.
Houve especulações de que poderia ser uma nave alienígena. Vários radiotelescópios não detectaram nenhum tipo de emissão eletromagnética.
Podemos ficar tranquilos? Ou ele usa neutrinos, ondas gravitacionais ou entrelaçamento quântico para se comunicar, tecnologias que não dominamos?
Seja o que for, um feliz Natal! E durma com um silêncio desses.
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