É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
quartas, sextas e sábados.
Pokémon podia ser arma contra terror no Rio
RIO DE JANEIRO - Os responsáveis pela segurança na Rio-2016 conclamaram a população a ficar de olho em malas, bolsas e mochilas abandonadas em lugares públicos, porque podem conter explosivos. A ordem é não tocar nelas e alertar o policial mais próximo, para que este acione o esquadrão antibomba. Em segundos, surgirão homens vestidos de astronautas, trazendo pela coleira um robô que, como um cão farejador, irá radiografar o objeto e, se preciso, desarmar ou detonar o artefato.
Nos últimos dias, tivemos alguns casos de alarme na cidade. Felizmente, todos falsos, já que as bolsas e mochilas só continham cuecas sujas, celulares velhos e CDs piratas de funk e axé. Mas a recomendação continua — não se pode cochilar no item terrorismo. Temo apenas que, com a alegria que — contrariando as pesquisas — toma conta do Rio, as pessoas se dediquem cada vez mais a se abraçar, fazer amizades e tirar selfies umas com as outras, como está acontecendo, esquecendo a vigilância.
Uma solução para isso seria trazer logo o Pokémon Go para o país. É o único jogo para smartphone que tira seus usuários do estado de letargia doméstica e aparvalhamento mental que caracteriza esses brinquedos e leva as pessoas para as ruas, onde elas precisam ficar espertas para descobrir e capturar os "pocket monsters" — os monstros de bolso, que aparecem virtualmente em alguma praça ou avenida.
Nos EUA, Canadá, Japão, Alemanha, Austrália e outros países em que foi lançado, ele tem feito crianças e adultos sair pelas cidades e, hipnotizados, cruzar fronteiras nacionais, invadir santuários religiosos e cair em bueiros, dar topadas em postes ou ser atropelados.
No Rio, se liberado o joguinho, bastaria que as pessoas se dispusessem a procurar objetos suspeitos com a mesma sofreguidão com que caçarão os benditos pokémons.
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