É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
quartas, sextas e sábados.
A enormidade que foi
RIO DE JANEIRO - O Rio recebeu, durante a Paraolimpíada, cerca de 2.000 cadeirantes, e isto apenas entre os que vieram para competir. Se se incluir os torcedores visitantes e até os jornalistas nessa condição, o número final terá sido ainda mais expressivo. O cortejo de homens e mulheres em cadeiras de rodas nas cerimônias de abertura e encerramento, acenando felizes para as câmeras e para as arquibancadas do Maracanã, produziu cenas que nunca serão esquecidas.
Embora eles ficassem hospedados na Vila Olímpica e a maioria só saísse para os treinos e disputas, outros se aventuraram romanticamente pela Zona Sul e, nos últimos 15 dias, sua presença foi notável em shoppings, restaurantes e livrarias.
Para uma cidade que só aos poucos começa a despertar para a necessidade de facilitar a vida de pessoas com limitações, imagine o que não terá sido, de repente, alojar, atender e transportar tanta gente em cadeiras de rodas. Pois o Rio parece ter se saído bem —ou, pelo menos, a imprensa, sempre tão atenta, ainda não registrou um histórico de fiascos nesse departamento.
Talvez só agora, com o fim da Rio-2016, o carioca se dê conta da enormidade que foi planejar, produzir e executar tantas disputas tão especiais —fossem de canoagem, futebol de cinco, vela, hipismo—, das incontáveis pequenas providências que tiveram de ser tomadas e da quantidade de precauções que só uma Paraolimpíada exige.
E, assim como a Olimpíada, a Paraolimpíada veio contradizer os que anteviram, entre outros agouros, que as provas se dariam para estádios vazios. Como esses profetas da derrota explicarão o fato de que elas atraíram o segundo maior público da história, superando Pequim-2008 e só perdendo para Londres-2012?
O Rio tratou bem os deficientes. Mas não pode fazer nada pelos portadores de dor-de-cotovelo.
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