O quiosque no Arpoador junto à estátua do Tom, onde há anos tomo diariamente um coco, vendeu 500 cocos por dia nos últimos quatro dias do ano. Somente ali, portanto, foram 2.000 cocos mandados para dentro por cariocas e turistas. Perguntei aos rapazes do quiosque e fiquei sabendo que sua média, entre dias de semana, sábados e domingos, Réveillon e Carnaval, é de 300 cocos por dia. Nada mal.

A orla atlântica do Rio, do Leme ao Pontal, tem 300 quiosques. Se todos repetirem esta média, serão 90.000 cocos por dia –ou 32.850.000 por ano. E 32.850.000 canudos de plástico.

A vida útil de um canudo não passa dos cinco minutos que se leva para tomar a água do coco. Já sua vida inútil pode ser eterna porque ele não é absorvido pelo ambiente –usado e deixado na mesa ou no chão, zanzará para sempre entre nós, entupindo esgotos, contaminando rios e ameaçando espécies marítimas. Há dias circulou na internet o vídeo de uma tartaruga da Costa Rica tendo retirado de seu nariz um canudo que ela aspirou sem querer. De tão angustiante, nem todos conseguiram vê-lo inteiro. Deveriam.

Quando se trata de canudos de plástico, os cocos não estão entre os seus maiores responsáveis. Refrigerantes, milk-shakes e caipirinhas são seus cúmplices em escala incomparavelmente maior –porque parecem não conseguir dispensar aquele famigerado apêndice no copo. A quanto montará o número de canudos usados e despejados na natureza? Os americanos fizeram a conta. Só nos EUA, são 500 milhões –por dia! Até eles, os maiores poluidores do planeta, estão abismados.

A partir de agora, não sairei de casa sem um canudo de metal que ganhei e nunca usei. Entre cocos e milk-shakes, estarei poupando 500 canudos de plástico por ano. E me sentirei menos culpado pelas futuras tartarugas que eles matarem.