Formada em jornalismo e veterinária. Atuou por 13 anos na Folha. Co-autora de 'Medicina Felina Essencial' (Equalis) e 'A Caminho de Casa' (Ed. de Janeiro). Escreve aos domingos.
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Foi o amor pelos animais, em especial pelos cães, que me levou a encarar a faculdade de medicina veterinária já depois dos 30 anos e a dar uma guinada na minha vida profissional, trocando cargos de chefia em redações de jornal por postos de estágio em hospitais veterinários.
O caminho foi árduo. Recomeçar exige empenho, persistência e exercício diário de humildade. Depois de formada, porém, sinto que a correria do dia a dia tem me engolido e que tenho feito menos do que sonhei pelos animais em geral e pelos cães de rua em particular. A falta de tempo é a principal justificativa.
Eis que estou navegando no YouTube e me deparo com a intervenção urbana dos estudantes chilenos Violeta Caro Pinda e Felipe Carrasco Guzman. Foi um tapa na cara.
Ilustração Tiago Elcerdo | ||
O vídeo —veja em youtu.be/bU_3I24KkPM é de 2013, e a ideia é de simplicidade desconcertante. Batizada "Estou aqui", consiste em amarrar no pescoço de cães de rua balões preenchidos com gás hélio, para ficarem para cima. Neles, a dupla escreveu frases como "não me deixe", "me abrace", "brinque comigo". O resultado é emocionante: as pessoas param e abraçam os cães, dão comida, atenção e carinho.
A intenção de Violeta e Felipe, segundo eles mesmos, era exatamente alertar a sociedade para a realidade dos animais abandonados nas ruas, esquecidos e ignorados.
Falta de tempo? Que tempo? A intervenção durou alguns minutos...
E se usássemos as redes sociais para organizar ação semelhante em várias cidades do país? Se funcionou para flashmobs (lembram deles?), rolezinhos e manifestações contra e a favor do governo Dilma, será que não funcionaria para chamar a atenção ao abandono de animais?
Fica a ideia e vou tentar colocá-la em prática. Enquanto isso, neste domingo (4), Dia Mundial dos Animais, convido cada um a fazer alguma coisa, por mais simples, por um cão, um gato, um cavalo de rua. O problema é de todos nós e tempo a gente arruma. Basta querer. Foi o que me ensinaram Violeta e Felipe.
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