Formada em jornalismo e veterinária. Atuou por 13 anos na Folha. Co-autora de 'Medicina Felina Essencial' (Equalis) e 'A Caminho de Casa' (Ed. de Janeiro). Escreve aos domingos.
Pesquisa mostra que famílias com pets têm relação mais forte com os vizinhos
Rodrigo Fortes | ||
Ilustração da coluna Bichos de Sílvia Corrêa de 23.jul.2017 |
Lembra aquele vizinho com o qual você falou pela primeira vez quando ele brincou com seu cão? Ou daquela conversa que foi iniciada no elevador quando sua filha tentava remover os pelos do gato do uniforme da escola?
Cenas como essas constroem, aos poucos, o que os antropólogos chamam de capital social de uma comunidade: uma percepção de confiança recíproca entre vizinhos que reduz a sensação de que vivemos rodeados de pessoas estranhas.
A perda desse capital social é uma velha queixa dos moradores das grandes cidades. A novidade está no papel que os animais de estimação podem ter para amenizar esse processo.
Pesquisadores da University of Western Australia e do Centro de Nutrição Animal Waltham, da fabricante de ração Mars, ouviram mais de 2.500 pessoas em quatro cidades para avaliar a frequência e a intensidade do contato que os entrevistados tinham com os vizinhos.
As respostas mostram que membros de famílias com quaisquer animais de estimação estabelecem relações sociais mais fortes do que aqueles que não convivem com bichos em casa. A disposição de iniciar uma relação de amizade e confiança é ainda maior entre as pessoas que têm cães e, sobretudo, entre aquelas que levam os cães para passear.
"Nossos dados fortalecem a tese de que ser tutor de um animal de estimação é um fator valioso e positivo na vida da comunidade", diz Lisa Wood, líder da pesquisa.
A conclusão do estudo, publicado na última edição da revista "SSM - Population Health", é que as cidades devem caminhar para se tornar espaços "pet friendly" (expressão em inglês utilizada para se referir a lugares simpáticos à presença de animais de estimação, como lojas e restaurantes), com a construção de áreas que permitam a convivência das famílias e seus pets e, sobretudo, com a adoção de políticas habitacionais que considerem os benefícios sociais de as pessoas terem animais de estimação em casa. É preciso ir além do "Minha Casa, Minha Vida".
O estudo completo está disponível em: sciencedirect.com/science/article/pii/S2352827317300344
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Eduardo Knapp/Folhapress | ||
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