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sylvia colombo

crônicas de Buenos Aires  

17/04/2012 - 07h07

Farpas na Cúpula

A falta de consenso quanto a temas polêmicos na Cúpula das Américas, que terminou anteontem em Cartagena, não foi o único mal-estar do encontro na costa colombiana.

Além dos assuntos controversos, como a legalização das drogas e a inclusão de Cuba nos encontros, alguns personagens frequentaram os títulos do noticiário por fazerem ataques a outros.

URIBE X SANTOS

Nem o anfitrião escapou. O colombiano Juan Manuel Santos, que desde o começo de seu mandato, em 2010, vem enfrentando críticas de seu antecessor, Álvaro Uribe, foi mais uma vez vítima de suas provocações.

Uribe acusou Santos de gastar com uma cúpula luxuosa, enquanto o país passa por dificuldades.

"Cúpulas como a das Américas podem ser feitas de modo austero, ainda mais em um país pobre como o nosso. É um governo que vem dando demonstrações de opulência", disse.

Uribe também atacou Santos por mudar de forma radical sua opinião sobre as drogas. Na cúpula, o atual presidente pediu que a legalização fosse discutida, assim como estimulou o debate técnico e científico sobre os diferentes modos de combater o narcotráfico.

"Sobre a legalização das drogas, eu venho repetindo o que vem sendo a tese da Colômbia, e que ajudou a eleger o presidente Santos, este mesmo que agora muda de discurso. Avançar nesse caminho da legalização é preocupante", disse Uribe.

O ex-presidente advertiu também que o Exército pode desmotivar-se e decidir "não expor sua vida a um governo que quer legalizar a droga".

Santos havia sido secretário de Defesa de Uribe (2006-2009), e este trabalhou muito para sua eleição. Desde a posse, porém, as diferenças foram se impondo. Santos acusa Uribe de ter forçado a escolha de nomes para seu ministério, enquanto o ex-presidente ataca as viradas de opinião de Santos desde que começou seu mandato.

Uribe segue sua campanha por meio de sua conta de Twitter (@AlvaroUribeVel) e falando aos meios de comunicação. Em entrevista à Folha realizada durante o encontro, Santos disse que não entende as razões pelas quais Uribe está brigado com ele.

CALDERÓN X BRASIL E ARGENTINA

Já o mexicano Felipe Calderón atacou o Brasil por conta do problema com o acordo sobre comércio de carros, que recentemente foi motivo de uma crise entre os dois países.
Calderón foi muito duro com relação ao protecionismo, mandando um recado também para a Argentina, que está aumentando as travas à importação de produtos estrangeiros, incomodando a empresários de vários países da região.

"Se você quer ter um filho que caminha, não pode proibi-lo de caminhar. Se quer ter um competidor, faça-o competir. É fundamental esse debate que se apresenta na América, porque há interesses protecionistas nos Estados Unidos, mas também há em muitos de nossos países."

Calderón também pediu por "mais, e não menos comércio. O México está tentando fazer mais acordos comerciais. Para mim é vital um acordo de livre-comércio com o Brasil. Infelizmente, o que estamos encontrando é uma tendência e uma pressão interna e esperamos que isso se reverta, porque os dois precisamos."

EVO X OBAMA

Já Evo Morales foi o mais duro com os EUA. Disse que a negativa deste país de pronunciar-se a favor da região nos temas como a presença do país dos irmãos Castro nas cúpulas e a soberania das ilhas Malvinas "está desintegrando a América do Sul e o Caribe".

"Não podemos continuar suportando a ditadura dos EUA sobre nós", disse. E acrescentou que se os norte-americanos não atendessem a esse chamado, "não haveria mais integração, nem novas cúpulas".

Para Morales, "as Malvinas são da Argentina e portanto também são da América Latina". O boliviano também criticou o modo como as discussões foram organizadas pelo país anfitrião, a Colômbia, a portas fechadas.

"Para quê um retiro de presidentes se os meios não estão ali para dizer o que aconteceu?"

CRISTINA X SANTOS

Por fim, Cristina Kirchner saiu de modo intempestivo, antes de terminar o evento, incomodada por ter tido papel secundário. Não foi convidada para um painel importante, como o que contou com Dilma, Obama e Santos.

Sentaram-na num canto da mesa na plenária, perto de Trinidad Tobago e longe dos três acima mencionados.

Ao final, ao perceber que Santos não incluíra a reivindicação argentina pelas Malvinas em sua fala, aproximou-se do anfitrião e disse-lhe algumas palavras ao pé do ouvido. Santos depois revelou que ela havia perguntado duramente porque ele não mencionou as ilhas.

sylvia colombo

Sylvia Colombo é correspondente da Folha em Buenos Aires. Está no jornal desde 1993 e já foi repórter, editora do "Folhateen" e da "Ilustrada" e correspondente em Londres. É formada em jornalismo e história. Escreve às terças-feira no site da Folha.

 

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