Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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As coisas vão e voltam

O nível técnico dos estaduais e da Libertadores está muito fraco. No clássico mineiro, predominaram os pontapés e as cotoveladas. Vasco e Flamengo fizeram 61 faltas, com excessivas reclamações e tumultos. Muitos acham que clássico é assim mesmo. Isso empobrece nosso futebol.

Há inúmeros jogadores que eram medianos, sumiram pelo mundo e voltaram como destaques. Dudu, do Grêmio, é um deles. Era do Cruzeiro. Eles melhoraram, ou está fácil brilhar nos times brasileiros? Mesmo assim, na média, nossas equipes são superiores aos rivais sul-americanos. Possuem estrutura profissional muito melhor, arrecadam mais, gastam mais e mandam a conta para o governo. Vem aí uma nova e absurda anistia aos clubes, disfarçada de reorganização da dívida.

O Atlético-MG já está gastando por conta, ao trazer Anelka, em fim de carreira, com 35 anos, para ganhar uma fortuna. Ele nunca passou de um bom jogador. Hoje, prefiro Jô.

Hoje é dia de Liga dos Campeões da Europa. O Barcelona, com o fraco zagueiro Bartra e o esquisito goleiro Pinto, tem menos chances de se classificar, mesmo se o Atlético de Madri não contar com Diego Costa. O conceito de que o Barcelona joga melhor com quatro armadores (Busquets, Xavi, Iniesta e Fàbregas), o que obriga Neymar a atuar pela direita, era correto quando o time não tinha o jogador brasileiro. É preciso escalá-lo no lugar certo, pela esquerda.

O Atlético de Madri é o time que melhor marca o Barcelona. Na saída do goleiro, pressiona e toma a bola, com frequência. Quando não consegue desarmar, faz falta.

Felipão usou a mesma tática contra a Espanha, na Copa das Confederações. Se o Barcelona consegue ficar com a bola, o time de Madri recua e forma duas linhas de quatro, próximas à grande área, com pouco espaço entre elas. Como o Barcelona raramente faz gols de fora da área e de bolas cruzadas, a equipe marcou pouquíssimos nos últimos confrontos entre eles.

Hoje, as grandes equipes, quando perdem a bola e não conseguem pressionar, recuam e formam duas linhas de quatro. O Grêmio faz isso muito bem. Quando recuperam a bola, quase todos avançam. É o futebol moderno.

A seleção brasileira de 1970, 44 anos atrás, fazia algo parecido. Era revolucionária para a época. Quando perdia a bola, formava uma linha de três no meio-campo, próxima dos zagueiros, com Gerson entre Clodoaldo e Rivellino. Muitas vezes, Jairzinho recuava pela direita e formava uma linha de quatro, como hoje. No segundo gol contra o Uruguai, Jairzinho desarmou próximo de sua área e foi receber a bola na intermediária do adversário.

As coisas vão e voltam, com nomes diferentes e em outras situações. Freud dizia que todo encontro é um reencontro com algo vivido e/ou imaginado.

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