Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Ganhar e perder

Amanhã, começa a Copa. Aumentam o nacionalismo e o ufanismo. O povo se emociona. Os políticos tiram proveito. Os canalhas, acostumados a roubar dinheiro público, choram, abraçados à bandeira brasileira. Empresários lucram com o orgulho nacional. Se o Brasil ganhar, os jogadores serão heróis. Se perder, serão chamados de mercenários e de pouco patriotas.

Quem joga em casa costuma ser mais corajoso, aguerrido e tem mais chance de vencer. A história mostra isso. Os adversários, geralmente, se encolhem, amedrontados. Nem sempre é assim. Se a tensão for exagerada, diminui a lucidez. É perigoso confundir vibração com afobação. Aí, começam os erros grosseiros. O extremo do nervosismo é a impotência, a apatia.

Os grandes momentos da seleção ocorrem quando ela marca por pressão, desarma no meio ou no campo do outro time e, rapidamente, passa a bola, especialmente, para Neymar, com a defesa desprotegida. Quando o outro time estiver bem posicionado atrás, é necessário trocar passes, sem jogar a bola para o companheiro marcado. Não temos um craque no meio-campo, mas há bons jogadores para fazer isso. Falta o hábito e o desejo do treinador.

Se o Brasil tiver dificuldades, pode ganhar o jogo na bola parada. Neymar melhorou muito as cobranças, mas ainda não está no ponto. Muitas vezes, a bola sobe muito. Neymar está tão confiante, tão louco para ser a estrela da Copa, que receio que ele tente demais dribles impossíveis, perca a bola e dê o contra-ataque.

Na véspera da final da Copa de 1998, Zagallo disse que a Seleção só perderia para si mesma. Dias atrás, Marin falou que só uma fatalidade tira o título do Brasil. Parreira já tinha dito que a seleção está com a mão na taça. Arnaldo Ribeiro, da ESPN Brasil, acha que o time brasileiro é favoritaço. Alguém já pensou na possibilidade de o Brasil não ganhar a Copa?

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