Médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970. Afastou-se dos campos devido a um problema de descolamento da retina. Escreve às quartas-feiras
e aos domingos.
Revelações e recuperações
O grande avanço no futebol é a capacidade das grandes equipes de atacar e de defender em bloco, com técnica e velocidade, sem deixar muitos espaços entre os setores. A seleção, com Dunga, está mais compacta que na Copa.
Hoje, apenas o goleiro, os zagueiros e o centroavante atuam em pequenos espaços. Mesmo assim, alguns goleiros, seguindo modelo Neuer, fazem bem a cobertura dos defensores.
É importante também ter zagueiros com bons passes, o que é raríssimo nos times brasileiros. Quando os volantes são marcados, é necessário que o zagueiro avance com a bola para iniciar as jogadas, em vez de dar chutões.
Centroavantes fixos, que só finalizam e que só jogam bem se fizerem gols, estão sem prestígio nos maiores times.
Os atletas atuam no limite físico. Por isso, a necessidade de poupar jogadores e de ter métodos científicos mais exatos, para detectar os que estão mais cansados e com mais riscos de contusões musculares.
A estrutura dos grandes clubes brasileiros e a qualidade dos profissionais que trabalham nas comissões técnicas, juntos aos treinadores, são tão boas ou melhores que as dos grandes clubes europeus. É mais uma contradição brasileira, pois, nestes clubes da Europa, estão os melhores jogadores do mundo, e o Brasil é um país mais pobre.
Estamos entre as dez maiores economias do mundo, e metade de nossas casas não tem rede de esgoto, uma vergonha.
Tenho ainda a impressão que, na média, o nível dos treinadores brasileiros está aquém à dos outros profissionais que trabalham nas comissões técnicas.
Amanhã, Grêmio e Cruzeiro se enfrentam. Felipão está muito bem. O 7 a 1 foi muito mais marcante, revelador e importante para renovar e recuperar o técnico que mil cursos nas melhores faculdades do mundo.
Na vitória por 2 a 1 sobre a Áustria, o Brasil, contra uma defesa organizada e sem espaço para o contra-ataque, como gostam os rápidos meias brasileiros, criou pouquíssimas chances de gol. O jovem estreante Firmino entrou e fez um golaço.
A inabilidade com as palavras, a afetividade, a simploriedade e a fragilidade emocional de Thiago Silva, na função de capitão, na Copa, não podem ser transportados para a avaliação de seu futebol. Ele é o melhor zagueiro brasileiro. Quem demonstrou instabilidade emocional, no Mundial, foi David Luiz, contra Alemanha e Holanda.
A Seleção mostrou muitas deficiências na Copa, mas é óbvio que 7 a 1 foi um exagero, um desastre. Com as seis vitórias de Dunga, já começaram a colocar a culpa do fracasso em Felipão ou a dizer que foi só um apagão. Se vencer outros amistosos, a turma do oba-oba, já empolgada, vai falar que continuamos com o melhor futebol do mundo e que Marin é até simpático. E a maioria vai concordar.
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