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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Times e atletas não são só o resultado de estatísticas e fundamentos técnicos

Crédito: Reprodução/Twitter/@SaoPauloFC executivo de futebol Raí do São Paulo, concede entrevista após o treino da equipe realizado no CT da Barra Funda, zona oeste da cidade, nesta sexta-feira, 5. O time se prepara para estrear no Campeonato Paulista 2018, no dia 17, contra o São Bento, em Sorocaba
O ídolo Raí foi contratado para assumir a função de diretor executivo do São Paulo

Nos últimos tempos, um dos poucos avanços do futebol brasileiro, dentro e fora de campo, foi a presença de analistas de desempenho na comissão técnica dos clubes. São profissionais que estudam, por meio de pesquisas, informações, estatísticas e imagens, a maneira de jogar e as características de jogadores e equipes. Essas informações ajudam treinadores e dirigentes nas decisões, escalações, contratações, dispensas de atletas e nas estratégias de jogo.

Porém, não basta ter conhecimentos compartimentados, fragmentados. Existe, no futebol, uma obsessão pela ciência esportiva e pouca atenção aos detalhes subjetivos e à observação do conjunto. O todo não é apenas a soma das partes. As equipes e os atletas não são somente o resultado de dados estatísticos, dos fundamentos técnicos e táticos e das condições físicas. O conjunto tem vida própria. Com frequência, não corresponde à expectativa.

Além disso, apesar da enorme importância dos dados científicos para as tomadas de decisão, percebo, muitas vezes, que muitos dirigentes e até ótimos treinadores agem de acordo com o que está bombando, na imprensa e nas redes sociais. Pior, dirigentes costumam ser reféns de interesses de investidores. Nem sempre quem o treinador quer escalar é o que desejam dirigentes e empresários, preocupados mais com o lucro.

Outra novidade no futebol brasileiro é a presença muito maior de ex-atletas nas comissões técnicas, sejam ou não nos clubes em que atuaram. Alguns têm funções definidas, como Raí, diretor executivo do São Paulo. A maioria não sabe bem o que realmente faz e/ou seus limites de atuação. Ouço, com frequência, que eles são o elo entre os jogadores e a diretoria. Como assim? Como regra, jogadores vivem em um mundo à parte, com uma ética própria, em que não entram dirigentes nem mesmo o técnico.

Ouço também, muitas vezes, o chavão de que um treinador não é um bom estrategista, mas que domina o vestiário. Quando a equipe vai mal, dizem que ele perdeu o grupo. Técnico precisa ter comando no vestiário, nas concentrações e, principalmente, nos treinos, jogos e na maneira de atuar das equipes.

Ex-atletas, em todo o mundo, costumam fazer bicos em várias atividades relacionadas ao futebol, sem se fixarem em nenhuma, como nas funções de treinador, coordenador, comentarista, auxiliar técnico, diretor executivo e outras. Muitos não assumem para valer a nova atividade. Não constroem uma nova história. Vivem do passado. Evidentemente, há um grande número de ex-atletas que se destacam, por longo tempo, em outras funções, especialmente na de técnico.

Continuam as chegadas e saídas de jogadores nos clubes brasileiros. Reforços que melhoram a qualidade do time são poucos. Scarpa é um deles. Mas o Palmeiras continua desequilibrado, com muitos bons jogadores do meio para frente e sem um ótimo zagueiro.

A maioria dos jogadores contratados é para aumentar o elenco, para somar, como diz o lugar comum. Vários chegam para subtrair e elevar as despesas. Não entendi porque o Cruzeiro, com o mesmo custo, preferiu Mancuello a Hudson, que atuou bem na temporada anterior.

Começaram os estaduais, longos e fracos. O tempo para treinar é pequeno, os times jogam demais e não formam bons conjuntos, o que prejudica a evolução de jovens promessas. Cria-se um ciclo negativo.

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