Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Com incertezas na China, indústrias preveem menor exportação de soja
TATIANA FREITAS (interina)
As exportações brasileiras de soja serão menores do que o esperado inicialmente por grandes empresas do setor.
A revisão na projeção para os embarques, divulgada ontem pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), não muda a perspectiva de um novo recorde, com 43 milhões de toneladas embarcadas.
A previsão anterior, feita há um mês, era 1 milhão de toneladas maior do que a atual, ou seja, de 44 milhões de toneladas da oleaginosa.
A mudança, portanto, está longe de ser dramática. Mas revela a percepção do mercado de que a China deve frear o ritmo de suas importações, ainda bastante aquecidas no primeiro trimestre deste ano.
Segundo Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove, os elevados estoques no país asiático e as dificuldades enfrentadas por algumas empresas chinesas em obter cartas de crédito bancário diminuíram a expectativa de alguns exportadores brasileiros para este ano.
Além disso, a ocorrência de gripe aviária na China -que levou ao abate de aves- reduz a atividade das indústrias esmagadoras chinesas, que compram o grão do Brasil para transformá-lo em farelo de soja para ração.
Nas últimas semanas, surgiram sinais de esgotamento da estocagem de soja na China, com rumores de calotes, devoluções de carga e até revenda da oleaginosa brasileira para empresas esmagadoras nos EUA, que estão com baixos estoques por causa dos grandes
volumes exportados aos próprios chineses.
Por enquanto, o quadro apertado nos EUA segura o preço da soja. Em 30 dias, ela sobe 5% em Chicago.
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Ainda em alta Os embarques de soja em grão ainda não sentem a possível desaceleração da demanda chinesa. Em abril, o volume exportado tem alta de 11,4%, pela média diária, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Secex.
Ritmo lento O frio atrasa o plantio de milho nos EUA. Até domingo, 6% da área que receberá o cereal havia sido semeada, bem abaixo da média de quatro anos (14%), segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).
Efeito seca A disponibilidade de cana na safra 2014/15 é estimada em 598 milhões de toneladas pela FCStone. Em dezembro, o mercado chegou a estimar uma oferta de 630 milhões de toneladas.
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Café dispara com nova previsão de quebra de safra
A expectativa de uma quebra na safra brasileira de café arábica voltou a elevar o preço do produto. Ontem, em Nova York, o primeiro contrato fechou em alta de 7,7%.
No Brasil, o preço ao produtor acompanhou as cotações internacionais e subiu 8,6%, para R$ 467,50 por saca de 60 quilos, em média, segundo pesquisa da Folha.
Uma nova estimativa para a safra brasileira balançou o mercado. A Volcafe, divisão de café da trading ED&F Man, estimou ontem a produção de 28,4 milhões de sacas, uma queda de 18% ante a previsão anterior, segundo a Reuters.
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CELULOSE
Volume compensa menor preço na exportação
As exportações de celulose seguem bem em 2014. Até a terceira semana de abril, a receita com os embarques apresenta alta de 16,6% em relação ao mesmo período do ano passado, pelo critério da média diária, segundo a Secex. O volume sobe 25,7%, compensando a redução de 7,2% nos preços.
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