Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Abertura faz Argentina melhorar relação comercial com União Europeia
Gustavo Ercole - 5.abr.2006/Associated Press | ||
Navio cargueiro sendo carregado com milho no porto de Rosário, na Argentina |
A abertura econômica e a retirada de parte dos impostos sobre os produtos agrícolas pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, começam a dar resultados.
O país foi o de maior destaque no comércio bilateral com a União Europeia em fevereiro.
Naquele mês, mais recente dado disponível pela Eurostat, os argentinos exportaram US$ 550 milhões em produtos para a União Europeia, um valor que supera em 76% o de fevereiro de 2015.
Essa parceria vem crescendo nos últimos meses, colocando a Argentina entre os principais destaques na relação comercial entre o bloco europeu e o demais países também no acumulado de 12 meses.
Os argentinos exportaram US$ 6,7 bilhões para a União Europeia no período de março de 2015 a fevereiro de 2016, um valor 15% superior ao de igual período anterior.
Se as coisas vão bem para o vizinho, o mesmo não ocorre com o Brasil, que vem perdendo posições na lista das exportações totais para a UE.
Quando se trata de alimentos, o Brasil ainda mantém a liderança, somando US$ 14,6 bilhões nos últimos 12 meses.
O país deve perder, no entanto, essa posição para os Estados Unidos em breve, uma vez que as exportações dos norte-americanos para o bloco europeu vêm crescendo, ao contrário das do Brasil, que diminuem.
Nos últimos 12 meses até fevereiro, as importações europeias feitas nos EUA cresceram 15%. Já as feitas no Brasil caíram 2,4%.
Os dados acumulados dos últimos 12 meses, em dólares, mostram a aproximação dos EUA. Nos 12 meses terminados em fevereiro de 2015, as exportações brasileiras para a Europa superavam em 28% as dos norte-americanos. Nos 12 meses até fevereiro passado, a alta foi de apenas 7%.
O Brasil tem a liderança mundial em alguns dos principais produtos importados pelo europeus, como soja, açúcar e café. Perde, porém, na lista de outros produtos nos quais tem potencial, mas não tem tanta eficiência.
Os europeus importaram, por exemplo, o correspondente a US$ 15 bilhões no ano passado em frutas tropicais naturais e processadas, um setor no qual o país poderia avançar muito.
O distanciamento do Brasil dos europeus fica evidente também quando se trata de importações brasileiras.
O país vem perdendo espaço nas exportações europeias. Em fevereiro, perdeu a posição de 17º maior importador de alimentos do bloco europeu para a África do Sul.
As importações brasileiras feitas na União Europeia caíram para US$ 1,74 bilhão em 12 meses, 6% menos do que nos 12 meses anteriores.
União Europeia e Mercosul fazem uma nova tentativa de um acordo comercial. Se não houver acerto entre os dois blocos, o Brasil perderá presença em um dos principais mercados mundiais.
ETANOL ELEVA VANTAGEM SOBRE GASOLINA
A safra de cana-de-açúcar avança, e a oferta de etanol melhora. Com isso, os preços do combustível recuam ainda mais nos postos de abastecimento de São Paulo.
O valor médio do etanol caiu para R$ 2,32 por litro nesta semana, 3,4% a menos do que na anterior, aponta pesquisa semanal da Folha em 50 postos da capital paulista.
Em alguns estabelecimentos, o preço do álcool já recuou para até R$ 1,899 por litro, segundo a pesquisa.
Alguns postos, no entanto, relutam em repassar a queda de preços que o produto teve nas usinas e mantém o valor do litro em R$ 2,699.
A gasolina também está em queda, mas em ritmo bem menor. A pesquisa da Folha indicou que o valor médio do litro esteve em R$ 3,54 nesta semana, 0,13% inferior ao de há uma semana.
Ao recuar para esse valor, o etanol aumenta a sua vantagem em relação à gasolina. Os preços atuais do derivado de cana valem 66% do da gasolina.
Algumas pesquisas indicam que em até 70% de paridade o etanol é mais vantajoso. Outras apontam que, com as inovações nos carros mais modernos, essa paridade pode ir até 73%.
A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) mostra que em três capitais o preço do etanol tem paridade inferior a 70%, quando comparado ao da gasolina: São Paulo, Cuiabá e Belo Horizonte.
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