Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Produtividade cresce, e oferta de arroz aumenta
Rogerio Canella/Folhapress | ||
Oferta de arroz deve aumentar, e inflação do feijão parece ter terminado |
A safra de grãos de 2016/17 poderá vir melhor do que se espera. Ao contrário do que ocorreu na anterior, o plantio deste ano dos vários produtos específicos do período de verão vem sendo feito em condições melhores do que na safra anterior.
O arroz está nessa lista. Pelo menos 65% da área destinada ao cereal no Rio Grande do Sul já foi semeada, e os produtores deverão terminar o plantio até o final do mês, dentro do período ideal.
A avaliação é de Vlamir Brandalizze, da Consulting Brandalizze de Curitiba. A área de plantio não deverá crescer muito. A produtividade, sim.
Para Brandalizze, a área a ser semeada no Rio Grande do Sul –líder nacional na produção de arroz– deverá aumentar de 30 mil a 50 mil hectares e ficar entre 1,07 milhão e 1,1 milhão de hectares nesse período de 2016/17.
Já a produção poderá atingir 8,5 milhões de toneladas, bem acima dos 7,4 milhões colhidos neste ano.
Esse volume a ser colhido depende, no entanto, de alguns ajustes. O excesso de chuvas em algumas regiões alagou áreas de plantio, obrigando os produtores a um replantio. "São casos isolados", diz ele.
Para a Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul), no entanto, as chuvas acima da média devem comprometer o prazo de plantio dentro do zoneamento.
Apesar do aumento da produção, haverá um equilíbrio entre oferta e consumo no país, segundo Brandalizze. A produção nacional poderá atingir 11 milhões de toneladas, e o consumo é de 12 milhões.
Parte dessa produção deverá deixar o país para abastecer mercados externos conquistados pelo Brasil nos últimos anos.
Mesmo com o consumo interno e as exportações superando a produção nacional, não deverá faltar produto para o consumidor brasileiro. Uruguai, Argentina e Paraguai dão o equilíbrio à demanda interna, segundo o analista.
Após um sobressalto dos preços nos últimos meses, o arroz não tem mais espaço para subir. A saca do produto está sendo negociada de R$ 47 a R$ 52 no Rio Grande do Sul, mas já esteve entre R$ 50 e R$ 56, segundo Brandalizze.
A queda nos preços ocorre porque, nesse período de semear, o produtor colocou mais arroz no mercado para fazer caixa e enfrentar os custos do plantio.
"Mas não há espaço para grandes mudanças de preços", diz ele.
FEIJÃO
O analista acredita que também o período de preços elevados do feijão tenha terminado. A chegada de mais leguminosa no mercado, provinda da nova safra, puxou os preços para baixo.
Por ora, ainda há um descasamento dos preços entre a roça e as gôndolas dos supermercados, o que deverá ser corrigido a partir da próxima semana.
O varejo já paga menos pelo feijão novo, mas parte do produto que está à venda nos estabelecimentos ainda foi comprada a preços mais elevados. Quem já tem o feijão da nova safra ainda mantém os preços antigos, engordando as margens de comercialização.
Mas a concorrência deverá trazer os preços para baixo também para os consumidores. O quilo do feijão, que está de R$ 8 a R$ 15, dependendo da qualidade do produto, deverá recuar para R$ 5 a R$ 7 no varejo, acredita Brandalizze.
A saca de feijão mantém queda de preço no campo há várias semanas, sendo negociada próxima de R$ 200 atualmente.
"O pior já passou, e os consumidores vão poder comer arroz e feijão com custos bem mais acessíveis neste final de ano", diz o analista da Brandalizze Consulting.
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