Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Renda segura produtor de tabaco no campo, mostra pesquisa
Divulgação | ||
Linha de produção de beneficiamento de tabaco em Santa Cruz do Sul (RS) |
O produtor de tabaco da região Sul tem uma boa renda e condições socioeconômicas bem superiores às da média do país. Tem um patamar elevado de estudos e está na atividade há 24 anos, em média.
Embora tenha uma área cultivada considerada pequena em relação a outras culturas, como soja e milho, ele se diz contente com o padrão de vida que leva.
Esses são alguns dos resultados de pesquisa realizada pelo Cepa (Centro de Estudos e Pesquisas em Administração) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O objetivo da pesquisa era descrever o perfil socioeconômico do produtor de tabaco do Sul, em parceria com o Sinditabaco (Sindicato da Indústria do Fumo).
A pesquisa constatou que, além de praticamente todos terem os produtos básicos no domicílio –como energia e água encanada–, os produtores também estão bem conectados.
Pelo menos 94% deles fazem uso do celular, e outros 49% têm internet no domicílio.
Os produtores, que têm um currículo escolar extenso –84% estudaram de 4 a 10 anos–, buscam novos conhecimentos específicos para sua atividade nas informações das indústrias, nos jornais, em rádios e na televisão.
A renda anual dos produtores com o tabaco chega a R$ 55,2 mil. Eles conseguem outros R$ 35 mil em atividades agrícolas, como a produção de milho e de feijão, entre outras.
A renda per capita anual é de R$ 23,1 mil, com destaque para os produtores de Santa Catarina, que conseguem R$ 27,2 mil.
O rendimento econômico desses produtores permite que eles tenham poucas dívidas e as terras onde trabalham já quitadas. Esse poder econômico se estende para a aquisição de bens utilizados no lar, no transporte e na atividade agrícola.
A maioria tem máquinas agrícolas, carro (90%) e estufas nas propriedades.
A área da propriedade dos produtores de tabaco é de 18,2 hectares. Desses, 42% são aproveitados para a atividade agrícola. Já a área destinada à produção de tabaco tem média de 3,56 hectares.
SUCESSORES
Apesar dessa remuneração da atividade, parte dos produtores não espera que os filhos continuem na atividade.
A pesquisa mostrou que 73% dos produtores apontam que têm sucessores para a sua atividade e que 47% desses sucessores se mostraram categoricamente interessados em continuar.
Outros 21%, porém, não têm intenção de permanecer no campo, enquanto 32% ainda não se definiram sobre a permanência ou não no campo.
A pesquisa aponta que 85% dos atuais produtores de tabaco vão continuar na atividade nos próximos anos. Entre os motivos apontados para essa continuidade estão a garantia de vida que o produto dá, a rentabilidade e a tradição familiar no setor.
Os agricultores desse setor não mostram muita disposição em vender suas propriedades. Alguns fatores, no entanto, pesam a favor dessa venda para parte deles: vai depender da proposta financeira; a idade está avançando e faltam sucessores; além disso, parte da família já não quer mais ficar no campo.
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