Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Carne sobe o dobro no varejo do que o aumento do boi no pasto
Pierre Duarte - 6.jun.16/Folhapress | ||
Gado em Colina (SP) |
Nos últimos 12 anos, os consumidores de Mato Grosso pagaram 284% a mais pela carne bovina.
Essa evolução poderia ter sido menor se tivesse sido respeitada uma coerência de valores entre os elos dessa cadeia: produção, frigoríficos e varejo.
A avaliação é de Luciano Vacari, diretor-executivo da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso).
Nesse mesmo período, citando dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), os preços subiram 184% no atacado, e a valorização do boi foi de 157% na fazenda, afirma ele.
Já nos últimos cinco anos, enquanto o varejo acumulou alta de 150%, a produção recebeu 75% a mais pela arroba de boi.
O preço médio da carne, que era de R$ 13 por quilo no varejo há cinco anos já está em R$ 22 neste mês, embora a arroba de boi tenha caído de preço.
"É uma irresponsabilidade do varejo e não há explicação técnica para todo esse aumento."
A arroba do boi está no menor patamar dos últimos anos e essa queda do boi no pasto ainda não está refletindo no bolso do consumidor, afirma Vacari.
EM QUEDA
O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) confirma a queda de preços do boi. A arroba recuou 10%, em termos reais, nos últimos 12 meses. Nesse mesmo período, o valor do bezerro teve queda de 15%.
A queda deste início de ano se deve ao aumento do abate de fêmeas. Esse fenômeno sempre ocorre quando os preços do bezerro e da arroba estão em queda.
O aumento de abate de fêmeas neste início de ano vai afetar, no entanto, na oferta de bezerro a partir de 2018.
Menos bezerros serão menos bois para abate nos próximos anos. E esse cenário vai refletir na oferta de carnes no mercado atacadista, segundo os pesquisadores do Cepea.
Agrícolas - A inflação dos produtos agropecuários está com forte queda neste ano. O acumulado de janeiro e fevereiro aponta uma deflação de 3,3%. Já a taxa acumulada em 12 meses foi positiva em 4,4%, conforme dados do IGP-10, da FGV.
Pressões - Laranja e mandioca estiveram entre os produtos que puxaram a inflação para cima em fevereiro. Já soja, milho e aves empurraram a taxa para baixo.
Amor ao agro - Desde que iniciou seu governo, o presidente Michel Temer sempre buscou o apoio do agronegócio. Participou de feiras e de várias agendas agrícolas. Agora o presidente deverá enfrentar o calor rural, participando de "um dia de campo", período em que são mostradas novas tecnologias e feitas avaliações da produção. Mato Grosso é um dos candidatos.
Importação de café - O Gecex, comitê executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), aprovou a isenção de imposto de importação de café conilon. A medida tem validade por quatro meses, com cota mensal de 250 mil sacas. O volume que exceder a cota terá alíquota de 35%.
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