Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Operação da PF poderá levar a abate de matrizes e a alta de preço da carne
Pedro Ladeira - 21.mar.17/Folhapress | ||
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em visita a frigorífico no Paraná |
Os dados apresentados pela Operação Carne Fraca, e apurados nos últimos dois anos, estão afetando fortemente o mercado da carne bovina hoje, mas os efeitos poderão ser ainda mais sérios daqui a três anos.
Diferentemente do mercado de frango e de suínos, o ciclo da produção do boi é longo. Enquanto o resultado de uma decisão dos produtores de frango de aumentar ou diminuir a produção tem efeito em dois meses, e a dos suinocultores, em seis, a dos pecuaristas demora pelo menos dois anos.
Com isso, se as barreiras externas colocadas ao produto brasileiro aumentarem e perdurarem por vários meses, o mercado externo de carne encolherá em um momento que o país passa por uma queda de renda dos consumidores e redução de consumo interno.
Essa situação vai refletir nos preços do boi, levando parte dos pecuaristas a diminuir o rebanho. Essa redução começa pela venda de vacas, que, com valores menores, deprecia ainda mais os preços médios do setor.
O abate de matrizes reduz a produção futura de bezerros e, consequentemente, a de boi gordo.
Se isso correr, a oferta de carne diminui, os preços voltam a subir e incentivam o pecuarista a investir novamente.
A oferta de boi só volta a se regularizar, no entanto, após o período de gestação do bezerro e de pelo menos mais dois anos para o abate do animal.
Nesse período de oferta interna menor de carne e de alta dos preços, os frigoríficos brasileiros perdem competitividade externa, devido ao custo da matéria-prima.
José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, e especialista no setor de carnes, diz que a oferta de carne bovina sempre reflete a decisão de produção tomada pelos pecuaristas há pelo menos dois anos. "É o ciclo pecuário", diz.
Se a crise atual persistir, e o pecuarista reduzir a produção atual, o retorno à normalidade só virá com novos investimentos.
Estes vão desde o aumento de matrizes no pasto ao de aumentar a capacidade das estruturas de manutenção de bezerros e de bois, segundo Ferraz.
O especialista da Informa Economics alerta, no entanto, para o fato de que esse cenário de queda de produção de bois só virá se acontecer o pior.
"Depende de quanto a crise durar e da perda de rentabilidade do pecuarista", diz.
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PMDB volta à comissão agrícola da Câmara Federal
O agronegócio é um setor que se fortalece e cada vez mais adquire visibilidade. Com isso, torna-se alvo de interesse dos partidos.
Após muitos anos longe da da comissão agropecuária da Câmara Federal, o PMDB volta a liderar esse colegiado a partir desta quinta-feira (23).
A presidência da comissão estará no comando do deputado federal paranaense Sérgio Souza.
Até então, as comissões que mais atraíam os partidos e deputados eram as de Justiça, de Finanças, e de Indústria e Comércio.
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