Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Crise econômica eleva consumo de arroz e feijão
Silvio Ávila - 7.set.2011/Gazeta de Santa Cruz | ||
Agricultor trabalha na colheita de feijão em Unaí (MG) |
A crise econômica está fazendo o consumidor trocar a carne pelo tradicional prato de arroz e feijão.
O desemprego elevado e a queda de renda, ao lado dos preços mais acessíveis desses produtos, devido à boa safra, respondem pela elevação da demanda, que neste mês será de 15% a 20%, em relação à prevista para o ano.
Até as novas regras do cartão de crédito, que dificultam a rolagem de dívidas, contribuíram para esse cenário.
As informações são de Vlamir Brandalizze, da Consulting Brandalizze.
Na hora de fazer o balanço entre o dinheiro que está entrando no bolso e os custos do dia a dia, o consumidor encontra o melhor resultado financeiro na dobradinha arroz e feijão, segundo o analista.
O consumo médio per capita está girando em 3,5 quilos de arroz neste mês. O de feijão é de 1,5 quilo.
O consumo de feijão seria ainda maior se o país tivesse uma oferta mais elástica. A produção nacional deverá ser de 3,5 milhões de toneladas neste ano, mas a demanda chega a 3,8 milhões.
Um dos indícios de que a demanda está boa são os preços dos produtos na lavoura. Mesmo em final de safra, quando aumenta a oferta no mercado, os preços do arroz se mantêm de R$ 37 a R$ 43 por saca nas lavouras.
Ainda assim, são inferiores aos do ano passado, quando a saca chegou a bater R$ 60.
Já o valor do feijão, dependendo da qualidade, vai de R$ 130 a R$ 180 por saca, um preço também sustentado pela demanda. No ano passado, devido à falta de produto, chegou a R$ 600.
No varejo, as indústrias travam uma grande disputa pelos consumidores. Com isso, o valor do pacote de cinco quilos do arroz vai de R$ 9 a R$ 23.
"Em 30 anos nesse mercado, nunca vi uma disparidade tão grande nos preços", afirma Brandalizze. Já o feijão custa de R$ 3,50 a R$ 6 o quilo.
PRODUÇÃO
A safra gaúcha de arroz está no fim. A produção do Estado deve subir para 8,5 milhões de toneladas, 1 milhão a mais do que no ano passado.
A produção cresce também em outros Estados. Em Mato Grosso, por exemplo, alguns produtores substituíram o plantio de milho pelo de arroz, elevando o volume colhido no Estado.
Esse aumento de produto em várias regiões vai permitir que a safra nacional atinja 12 milhões de toneladas, segundo Brandalizze.
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Sem pressão - Os preços dos produtos agropecuários despencaram no atacado. A queda foi de 4,1% no mês passado, acumulando recuo de 8,65% no ano.
Destaques - Os dados são do IGP-DI, da FGV, e apontam como as principais quedas de preços soja, milho, mandioca e laranja. Esta última chegou a cair 15% no mês.
Açúcar - A produção mundial será de 185,6 milhões de toneladas na safra 2017/18, praticamente o mesmo volume que será consumido no período. Pelo terceiro ano haverá deficit mundial, segundo a INTL FCStone.
Aperto menor - O deficit, que chegou a 8,1 milhões de toneladas na safra 2016/17, recua para 271 mil toneladas na 2017/18.
Centro-sul - O processamento de cana recua para 588 milhões de toneladas na safra 2017/18, 3,1% menos do que na anterior. A produtividade cai 3,3%.
Mais açúcar - Com uma opção mais açucareira, as indústrias vão produzir 35,6 milhões de toneladas de açúcar, um volume praticamente igual ao anterior, conforme dados da INTL FCStone.
Milho - Melhora a produtividade, e a safra nacional de milho deverá atingir 94,4 milhões de toneladas na safra 2016/17, bem acima dos 66,6 milhões de 2015/16.
Recuperação - Os dados são da AgRural para o centro-sul e da Conab para os outros Estados. A safra de inverno deverá ficar em 59,8 milhões de toneladas no centro-sul e em 63,6 milhões no país todo.
Soja - A estimativa da AgRural para o país é de 112,3 milhões de toneladas, bem acima dos 95,4 milhões do ano passado.
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