Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Exportação de carne bovina para China supera a de aves

Crédito: Paulo Whitaker - 2.dez.17/Reuters Cattle are loaded at the Lebanese flag ship NADA in the port of Santos, Brazil December 2, 2017. Twenty-seven thousand animals will be transported to Turkey's Mediterranean port of Iskenderun, according to Ecoporto terminal company. REUTERS/Paulo Whitaker ORG XMIT: PW13
Gado vivo para exportação é embarcado no porto de Santos (SP)

Após dois anos seguidos de queda, as exportações do agronegócio brasileiro para a China voltam a subir. Em 2017, as receitas somaram US$ 23 bilhões, acima dos 17,7 bilhões de 2016.

O carro-chefe do setor continua sendo, de longe, a soja. A supersafra brasileira da oleaginosa permitiu a colocação de 68,2 milhões de toneladas do produto no mercado externo, 32% mais do que em 2016. A China ficou com 79% dessa soja, no valor de US$ 20,3 bilhões.

No ano de 2016, devido à quebra de safra de soja, as exportações brasileiras tinham rendido US$ 14,4 bilhões.

Outro destaque nas vendas externas brasileiras para os chineses é a carne bovina. Essa proteína entrou em definitivo na pauta de importações dos chineses. Pela primeira vez, eles gastaram mais com a compra de carne bovina brasileira do que com a de aves, conforme dados da Secex (Secretaria de Comercio Exterior).

Os gastos chineses no Brasil com carne bovina desossada subiram para US$ 929 milhões no ano passado, com evolução de 32%. Já as exportações de carne de aves recuaram para US$ 761 milhões, uma queda de 11%.

Os chineses elevaram também as importações de óleo de soja, que foram a 335 mil toneladas em 2017, 36% mais do que no ano anterior.

O destaque negativo na relação comercial do Brasil com a China ficou para o açúcar. Tradicionalmente com média de 2,5 milhões de toneladas por ano, as vendas brasileiras do ano passado caíram para apenas 328 mil toneladas, segundo a Secex.

A China pisou no freio também nas compras de milho. que somaram apenas 17 mil toneladas no ano passado. O volume registra queda de 90% em relação ao de 2016.

O recuo chinês ocorre em um período em que a produção e as exportações brasileiras do cereal atingiram patamares recordes.

Óleo usado em fritura sai da cozinha para o motor

O Brasil produzirá 8,5 milhões de toneladas de óleo de soja em 2018. Do total, 7,7 milhões ficam no país, e boa parte vai para frituras.

O óleo usado em frituras tem grande importância na produção de biodiesel, mas ainda vai para o ralo.

A consequência é duplamente ruim: esse óleo gera uma poluição sem retorno —ao contrário de lata e papelão, que podem ser reciclados, mesmo quando estão no lixo.

Além disso, esse óleo poderia ser usado na produção de biodiesel, um combustível que é misturado ao diesel.

Como reverter a situação? "O desafio é grande, mas há um processo de conscientização em andamento", diz Márcio Barela, coordenador de sustentabilidade da Cargill.

Ele acredita que parte da população não tenha essas informações. Outra tem, mas ainda descarta o óleo usado. Cresce, porém, os que se sensibilizam com a reciclagem.

Os pontos de coletas aumentam e estão principalmente nas redes de supermercados. Barela acredita que não basta, porém, só conscientização. É necessário um programa de incentivo.

Pelo menos 77% da produção de biodiesel vem de óleo de soja. O óleo de fritura participa com apenas 1%.

A composição é maior em algumas regiões. Dos 210 milhões de litros de biodiesel produzidos pela JBS Biodiesel, em 2017, 20 milhões vieram de óleo de fritura.

A empresa investiu R$ 5,5 milhões para ampliar a coleta, feita em 20 municípios da região de Lins (SP).

Arroz - Houve um "leve atraso" no plantio do Rio Grande do Sul, e a safra deverá ocorrer duas semanas após o esperado, diz Vlamir Brandalizze.

Arroz 2 - Volume menor de produção no Mercosul, mecanismos de comercialização e exportações podem ajudar o setor, segundo Federarroz.

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