Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Importação de café aumenta, e Vietnã chega ao mercado

Crédito: Aly Song - 5.dez.17/Reuters A view of the new Starbucks Reserve Roastery is seen during the opening ceremony in Shanghai, China, December 5, 2017. REUTERS/Aly Song TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: GGGSHA15
Maior unidade da Starbucks do mundo, em Xangai; China reduz importações do Brasil

Enquanto o Brasil empurra com a barriga a definição de uma legislação adequada tanto para produtores como para indústrias sobre a importação de café verde, o setor vai criando seus caminhos.

Esses, com certeza, poderão não ser o ideal para o mercado no futuro, mas as regras já estarão definidas.

O Brasil proíbe a importação de café verde, mas as compras de café em grão não torrado e não descafeinado aumentam. Além disso, aumenta o número de estreantes exportadores para o mercado brasileiro.

O Brasil deixa, cada vez mais, de ser exportador e acelera as importações de café torrado e moído, compras que vêm, principalmente, em forma de cápsulas.

 

RECUO

As exportações brasileiras, crescentes na década passada —chegaram a US$ 35,2 milhões em 2008—, se limitam a um terço desse valor atualmente.

Já as importações não param de subir. Em 2017, o Brasil exportou 1.766 toneladas de café torrado e moído, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento. As receitas somaram US$ 13 milhões.

Já as importações atingiram 3.386 toneladas, com gastos de US$ 69,6 milhões. O café exportado sai por US$ 7 por quilo, em média. O que chega entra por US$ 21.

O Vietnã colocou 352 mil quilos de café em grão não torrado e não descafeinado no Brasil durante 2017.

Esse produto entrou no país com preços médios de US$ 2,14 por quilo e veio cobrir parte do deficit que o país teve de café conilon, devido à seca nos últimos anos.

Uruguai e Itália, países fora da lista de produtores tradicionais, também venderam café em grão não torrado e não descafeinado ao país, embora em pequenas quantidades. No caso do Uruguai, o preço médio foi de US$ 160 por quilo. No da Itália, US$ 19.

Japão, tradicional importador de café do Brasil, passou a ser também exportador para o mercado brasileiro no ano passado.

Estiveram ainda na lista de exportadores para o Brasil outros países com pouca afinidade com a produção de café como Luxemburgo, Bélgica, França, Espanha e vários outros europeus.

Colômbia e Costa Rica, tradicionais produtores, também estiveram nessa lista de exportadores. O principal fornecedor de café torrado e moído, no entanto, é a Suíça, responsável pela metade do café importado pelo Brasil.

 

EXPORTAÇÕES

Já os principais mercados para o café torrado brasileiro são Estados Unidos, Argentina, Paraguai e Uruguai. A China, que se encanta com as cafeterias do Ocidente e apresenta aumento anual de consumo, importou 14% menos café do Brasil no ano passado, em relação a 2016.

O Brasil engatinha nas vendas externas de café torrado e moído, um produto de maior valor agregado, mas lidera as exportações mundiais de café verde. No ano passado, foram 30,8 milhões de sacas, 10% menos do que em 2016, segundo o Cecafé.

As receitas com as exportações ficaram em US$ 5,2 bilhões em 2017, valor próximo do de 2016: US$ 5,4 bilhões.

O Valor Bruto da Produção do café deverá atingir R$ 23 bilhões neste ano no Brasil, segundo o Ministério da Agricultura.

Comprar café do mercado externo é salutar para os brasileiros, que têm a chance de experimentar outros sabores. O problema é que, em geral, o café que chega é o que saiu do país como matéria-prima.

É importante o Brasil romper essa barreira da inércia e também colocar produto brasileiro industrializado nesse bilionário mercado internacional.

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