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valdo cruz

 

15/05/2012 - 11h44

Sob ataque

O ambiente econômico mundial e nacional voltou a ficar repleto de incertezas. Ninguém sabe ao certo o que acontecerá na Europa, com a Grécia em estado de indefinição completo, podendo arrastar outros países para o olho do furacão, como Espanha e Portugal. Por aqui, a economia não decola, o câmbio acelera, o crédito trava e a inflação volta a ser motivo de preocupação.

Num cenário conturbado como este, o Banco Central brasileiro volta a ficar debaixo de fogo cruzado. Está sob ataque do mercado, que, de novo, questiona a autonomia da equipe de Alexandre Tombini. Nada pior diante de um momento em que o ideal seria ter tranquilidade para monitorar o desenrolar dos fatos mundo afora e no Brasil.

O fato é que o mundo anda mudando de humores rápido demais. Característica que ficou mais acentuada desde que Dilma Rousseff assumiu a Presidência da República. E que faz o BC brasileiro adotar correções de rumos em curto espaço de tempo, algo a que o tal de mercado não estava acostumado, sempre preferindo trabalhar numa zona de conforto, num cenário de maior previsibilidade.

Claro que este é o mundo ideal. Mas estamos vivendo um tempo de incertezas e de altíssima volatilidade. Adaptar-se rapidamente a essas mudanças de ventos pode ser crucial para evitar danos maiores à economia. Repetindo, é algo novo para nossos agentes de mercado, mas creio que necessário para não sermos atropelados pelos fatos futuros, aqueles que se tornam presentes num curtíssimo prazo.

No passado, nosso Banco Central era bem mais conservador. Preferia ficar na defensiva. Durante o governo Lula, errou na mão ao subir os juros quando deveria ter reduzido as taxas. Não conseguiu antever o que vinha pela frente ou, então, viu mas preferiu seguir a cartilha do conservadorismo.

A equipe de Tombini não reza muito por essa cartilha. Até aqui, age mais do que reage. No ano passado, quando inverteu o movimento dos juros e começou a reduzi-los, foi acusado de estar a serviço do Palácio do Planalto. O tempo, depois, mostrou que o BC estava certo.

Agora, novamente, Tombini e seus diretores voltam a ser questionados. É fato que o BC da era Tombini fixa um olho no crescimento da economia ao decidir seus passos. É fato também que prefere um ritmo mais gradual do que bancar suas decisões na base da paulada. Esse, até aqui, tem sido seu comportamento.

Daí termos uma inflação caindo, mas ainda num cenário distante do centro da meta, de 4,5%. Muita gente gostaria que o BC focasse o centro ao agir. O custo econômico, contudo, neste momento, seria elevadíssimo. A economia já está muito devagar. Ficaria quase parada.

Estamos em tempos novos. Convivendo com estilos diferentes em relação ao passado, mas seguidos, no tempo atual, por outros países. Será preciso ter sangue frio e checar, num futuro próximo, se o BC de Tombini estava certo ou errado. A conferir.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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