Foi repórter especial da Folha. Cobriu os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília.
Covardes
BRASÍLIA - Não é de hoje que as ações dos "black blocs" passaram do limite. O episódio de sexta-feira, em que mascarados agrediram um comandante da PM, talvez seja a gota d'água para uma reação mais articulada e eficaz dos governos.
Afinal, entramos numa situação de emergência, a um passo do pior. Executivo e Legislativo -federal, estadual e municipal- precisam se articular e colocar um fim nos atos de violência e de depredação de patrimônios público e privado.
O fato é que nossos governantes demoraram um bocado a reagir quando grupos radicais começaram a mostrar suas garras, aproveitando-se das manifestações pacíficas.
E, depois, o fizeram de forma um pouco equivocada.
Pesou, e muito, estarmos em véspera de campanha eleitoral. Os donos do poder, de olho em seus futuros políticos, tentaram se equilibrar entre a defesa do direito democrático de livre expressão e a repressão mais ativa contra baderneiros.
Confundiram as coisas ou delas tiveram medo. Deu no que deu. Os covardes, que se escondem atrás de máscaras e defendem atos de violência como forma de protesto, ganharam terreno, ocupando o papel de protagonistas pós-junho.
Interessante notar que, quando estão em jogo interesses vitais dos donos do poder, eles saem da zona de conforto do discurso e montam ações eficazes. Foi o que ocorreu no leilão do campo de Libra, joia da coroa do Palácio do Planalto.
Acionado, o Exército armou operação de guerra no local do evento, próximo a uma praia no Rio. Seu poder dissuasivo funcionou. Havia mais banhista do que manifestantes. Assessores presidenciais comemoraram o sucesso da estratégia.
Não defendo fazer do Exército nas ruas uma rotina. Melhor que nem fosse preciso. Mas o leilão de Libra mostrou que, quando se quer, as coisas funcionam. Enfim, os "black blocs" não são mais um problema só local, mas também nacional.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade