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valdo cruz

 

28/08/2007 - 00h03

Um dia a ser lembrado

Brasília, segunda-feira, 27 de agosto de 2007. Dia mais quente e mais seco do ano na capital do país. Os termômetros marcaram 32 graus e 13% de umidade relativa do ar. Um clima de deserto, tornando o ar desagradável e provocando uma sensação de cansaço e de desalento. Para alguns petistas, então, foi ainda pior. Um dia para ser esquecido. José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino tornaram-se réus no processo criminal por corrupção ativa aberto contra eles pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Uma derrota política dolorosa para o ex-todo poderoso José Dirceu, chefe da Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro mandato. Seus planos de recuperar seus direitos políticos ficam bastante prejudicados. Deslanchar agora uma campanha de anistia a seu favor soaria como uma afronta a uma decisão do Judiciário.

Do Palácio do Planalto, Lula faz de conta que não é com ele o julgamento do mensalão na Suprema Corte. Ele sabe, porém, que a decisão do STF dá munição para oposição torpedeá-lo. Sorte que não é mais candidato e que a população já o absolveu. Além de, em sua maioria, nunca ter se mostrado muito preocupada com isso. Foi o que apontaram pesquisas e mais pesquisas.

Mas nem tudo é dissabor para Lula. Se José Dirceu só perde, o presidente pode tirar vantagem exatamente da derrota de seu ex-homem forte. Absolvido, seu ex-chefe da Casa Civil ganharia ânimo novo e se transformaria numa grande dor de cabeça para Lula. Certamente teria mais força para lançar no Congresso um projeto decretando sua anistia política. O resultado de um lance como esse seria tumultuar ainda mais o clima no Legislativo e prejudicar votações de interesse do governo, como a prorrogação da CPMF, o chamado imposto do cheque. Daí que se para Dirceu, Genoino e Delúbio a segunda-feira, 27 de agosto, é um dia para ser esquecido, para Lula nem tanto assim.

Mas não se enganem aqueles que imaginam um Dirceu completamente derrotado. No próximo fim de semana, em São Paulo, o Congresso do PT deve dar mostras de que ele continua dando as cartas no partido. Seu grupo vai manter a hegemonia, a despeito de todo trabalho realizado pelo ministro Tarso Genro (Justiça) para minar sua força.

Ironia do dólar

Quando o dólar só despencava e caiu abaixo dos R$ 2, o Banco Central só apanhava dentro do governo daqueles que consideravam um erro deixar o real se valorizar. Agora, os mesmos críticos mudaram de lado. Nem querem saber de uma disparada do dólar. Melhor que ele fique valendo menos de R$ 2, já que ninguém sabe quanto tempo vai durar a crise financeira. E se ela deu um refresco agora, já tem data para dar as caras novamente. Em setembro, quando ficará claro quem levou tombo com as turbulências provocadas pelas dificuldades no mercado imobiliário americano.

Telhado de vidro

O governo Lula deu carta branca para o ministro Nelson Jobim (Defesa) reestruturar a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). De repente, o Palácio do Planalto descobriu que a agência não funciona direito. Um pouco de transparência e de sinceridade deveria levar o governo a admitir que a culpa é sua. Quem não se lembra dos discursos do presidente Lula, no início de seu primeiro mandato, quando dizia que os tucanos haviam privatizado o Estado com a criação das agências. Na época, o então ministro Antonio Palocci conseguiu convencer Lula a mudar o disco. Só que, de lá até aqui, o presidente deixou sua equipe politizar as agências e minar suas forças.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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