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valdo cruz

 

29/06/2010 - 00h02

Faltou carinho, falta opção!

Resignado, um cacique democrata dizia ontem que tudo se resolveria com um pouco de carinho. Isso mesmo. O DEM padece, no seu atual momento, de carência de atenção. Bastaria que os tucanos afagassem os demistas e poderiam escolher o vice que bem entendessem. E bola para a frente. Agora, admite esse democrata, o negócio é tratar de arranjar uma saída honrosa e aceitar o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) como vice de José Serra. Sua opinião, contudo, não é consenso dentro do partido. Ainda há aqueles que não estão dispostos a depor armas até que Serra recue...

Só que a possibilidade do candidato tucano à Presidência recuar é próxima de zero. E os democratas sabem muito bem disso. E sabem porque sabem que, desde sempre, Serra nunca morreu de amores pelo DEM. Pelo contrário. O ex-governador paulista vinha dizendo nas últimas semanas que não queria um nome dos democratas na sua chapa.

Por sinal, na história recente do PSDB, quem gostava do DEM era o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Que nos seus dois mandatos teve a companhia do ex-PFL, hoje DEM, no seu governo. Serra sempre preferiu o PMDB como parceiro. O mesmo PMDB que agora está noivo de Dilma Rousseff e dará à sua adversária um belo tempo de TV, um trunfo e tanto numa eleição que pode ser definida no primeiro turno.

O fato é que o DEM não tem bala na agulha para pressionar Serra. Depois do escândalo no Distrito Federal, ficou como o último partido a ganhar o carimbo de mensaleiro. E isso lhe tirou um belo discurso para cutucar o governo Lula. Hoje, aqui e ali, inclusive entre os tucanos, o comentário é que o partido corre risco de sair muito desidratado dessa eleição. Tem gente que até aposta na sua extinção, sendo absorvido por outras legendas.

As lideranças do DEM se abespinham quando ouvem esse tipo de análise. Saem reclamando desse tipo de avaliação e garantem que vão manter seu número de deputados hoje na Câmara ou até mesmo aumentá-lo. E que no Senado também vão garantir uma boa bancada.

Sei não, o DEM bem que poderia agarrar a chance que Serra lhe oferece. Dar o troco nos tucanos, que andam dizendo que os democratas não têm para onde correr. Como diz uma demista, o melhor caminho seria correr de Serra e lançar candidatura própria à Presidência. Isso mesmo. Surpreender e lançar um nome para constar da lista de presidenciáveis.

Loucura? Alguns assim pensam. Inclusive dentro do próprio partido. Mas quem sabe eles poderiam levantar o discurso de uma "direita moderna", como diz um democrata, para buscar uma recuperação de imagem. Imagem que as lideranças da legenda sonhavam lustrar quando mudaram de nome de PFL para Democrata.

Só que, nos últimos tempos, o partido perdeu o rumo na oposição ao governo Lula. Não conseguiu se firmar como o partido que defende o empresariado, que critica a alta carga tributária, que lança projetos na busca de reduzir o peso da mão pesada do Estado sobre o setor privado. Até ensaiou esse discurso, mas não conseguiu emplacar.

Agora, talvez rume mesmo para o ostracismo. Se Dilma Rousseff ganhar, os demistas estão perdidos. Se Serra vencer, pelo visto não terão destino muito diferente, dado o comportamento do tucano em relação ao partido nos últimos dias. Enfim, os democratas não gostam de ouvir tal análise, mas o ex-PFL segue naturalmente esse destino de perder até a importância de agremiação satélite. A não ser que decidam ousar e arriscar. Difícil dar certo. Mas o que todos enxergam pela frente não é muito diferente.

O problema é que... Bem, o problema é fazer o partido como um todo fechar em torno dessa ideia. Tem de haver disposição para estruturar um mínimo de campanha e sair atrás de doações para bancar essa aventura. Diríamos que, no atual momento, essa é uma tarefa bem inglória. Bem, então, tudo indica que o destino do DEM será, como dito acima, buscar uma saída honrosa e não falar mais no assunto.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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