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valdo cruz

 

21/09/2010 - 07h00

Vale tudo!

Suspense geral. Entramos na reta final da campanha. Os dois lados estão na expectativa sobre o resultado das pesquisas de intenção de voto que serão divulgadas nesta semana. Se tudo ficar como está, adeus. Só um milagre colocará José Serra no segundo turno. Se Dilma Rousseff cair, os tucanos vão partir para o tudo ou nada na semana derradeira de campanha e a temperatura tende a subir a níveis insuportáveis. De ambos os lados.

As estratégias de petistas e tucanos já estão definidas. O comando da campanha de Dilma vai bater cada vez mais na comparação entre os governos Lula e FHC, além de tentar apresentar a petista como a candidata que une o Brasil. Nada mais estranho diante do tom dos discursos do presidente Lula, cada vez mais na linha do "nós contra eles".

Os tucanos vão seguir mirando a classe média lançando mão das manchetes de jornais dos últimos dias, destacando o escândalo de tráfico de influência na Casa Civil que derrubou a ministra Erenice Guerra. E tentará atrair eleitores lulistas das classes C, D e E com promessas bem difíceis de cumprir, como o salário mínimo de R$ 600 em 2010. Se ganhar, Serra terá de montar um plano para socorrer milhares de prefeituras país afora, que não terão recursos para bancar o aumento.

Enfim, chegamos à reta final com os petistas radicalizando o discurso, principalmente o presidente Lula, na sua eterna tentativa de se dizer vítima de preconceitos. E os tucanos partindo para algo que, há pouco tempo, soaria completamente inacreditável: propostas populistas e irreais, beirando a demagogia.

O fato é que o clima político está quase intragável. Tão ruim que faz a classe política produzir, aos borbotões, declarações de arrepiar. A começar pelo presidente petista. Diz ele: "Nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partidos políticos. Nós não precisamos de formadores de opinião. Nós somos a opinião pública". Como assim? Agora ele se diz dono da verdade, aquele que representa a opinião pública. Posso estar enganado mas, na condição institucional de chefe de governo, ele precisa ser avaliado pela opinião pública, e não se dizer a própria.

Tudo bem, Lula coleciona índices elevados de popularidade nessa fase final de seus dois mandatos, o que significa que a maioria da população brasileira aprova sua administração. Isso não quer dizer, porém, que ele deva se colocar acima do bem e do mal e refratário a qualquer tipo de crítica. Logo ele que, antes de virar presidente, exercitou seu amplo direito à esculhambação geral dos adversários.

Vejamos outra declaração infeliz: "Eleito presidente da República, o salário mínimo do Brasil será de R$ 600. Essa é minha proposta hoje e será a realidade de amanhã. Não os R$ 538 propostos pelo governo". Como bom economista e defensor do equilíbrio das contas públicas, Serra sabe que cumprir sua promessa é algo muito difícil de acontecer. Teria de cortar quase tudo que é investimento público federal para tentar bancá-la. Sem falar, como já dito acima, que milhares de prefeitos não teriam condições de suportar o aumento.

Talvez Serra tenha em mente uma estratégia de elevar o salário mínimo para R$ 600 em etapas durante o próximo ano. Se fizer isso, terá cumprido sua promessa. Só que soará um estelionato eleitoral, já que o eleitor que acreditar na sua proposta atual estará apostando que o mínimo sobe para R$ 600 no início de 2010.

Enfim, tucanos e petistas estão apreensivos. A equipe de Serra acredita que Dilma cairá nas próximas pesquisas. A dúvida é se numa velocidade que permita levar a eleição para um segundo turno. Entre os petistas, a avaliação é que a candidata de Lula pode recuar um pouco nesta semana em suas intenções de voto, mas acreditam que a estratégia final de campanha fará Dilma subir novamente na última semana. Tudo que eles não querem é que a eleição vá para o segundo turno. A conferir.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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