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valdo cruz

 

02/11/2010 - 07h09

Recuo estratégico

Depois de mergulhar de cabeça na campanha presidencial durante o segundo turno, eis que o presidente Lula decidiu sair de cena, pelo menos publicamente, nos últimos dias. Uma saída estratégica, para evitar colocar água no chope da festa da presidente eleita, Dilma Rousseff.

Desde domingo, após votar em São Bernardo do Campo, o presidente Lula não deu as caras publicamente. Ficou recluso no Palácio da Alvorada. Não saiu para comemorar com a militância, reunida na Esplanada dos Ministérios, logo após o anúncio do resultado oficial da eleição. Seu retiro tático pode se manter na terça-feira, feriado nacional.

Segundo um assessor, a reclusão de Lula teve ainda o objetivo de evitar críticas da oposição. Ele quis contribuir para reduzir a temperatura elevada que reinou durante a eleição. Fervura para a qual contribuiu e muito, deixando praticamente de cumprir sua agenda de trabalho durante o segundo turno para se dedicar à campanha de Dilma Rousseff.

Durante a comemoração dos petistas no domingo, um amigo de Lula reconheceu que o presidente "mergulhou na campanha do segundo turno". Fez isso depois que sentiu que sua candidata chegou "à beira da derrota" logo após o primeiro turno.

Nas palavras desse amigo, Lula não mediu esforços nem consequências para eleger Dilma. "Ele foi paixão pura, fez um mergulho total, para o bem e para o mal", sintetizou.

Agora, sabendo que radicalizou em sua atuação na campanha, o presidente decidiu fazer essa saída de cena nos primeiros dias. Lula, porém, não deve conseguir se conter por muito tempo. Até aqui, sua celebração foi em privado, na noite de domingo no Palácio da Alvorada. Ele deve não estar se aguentando para fazer uma comemoração pública.

Passada a eleição, a classe política deveria analisar e debater a ação de Lula, enquanto presidente, a favor de sua criatura. Para seus aliados, ele foi ao limite do tolerável e não chegou a praticar ilegalidades. Para a oposição, passou dos limites e transgrediu as normas vigentes, tanto que chegou a ser multado mais de uma vez pela Justiça Eleitoral durante a fase de pré-campanha presidencial.

Depois, com a campanha oficial nas ruas, ninguém mais cobrou nada do presidente. Lula chegou a cancelar eventos de trabalho para gravar programas de sua candidata ou viajar para comícios. Ninguém questionou oficialmente esses atos eleitorais do petista.

Enfim, a pergunta que ficou sem resposta é se a ação do presidente deve se tornar uma regra para as próximas eleições. Para respondê-la é que a classe política deveria analisar o que aconteceu na última campanha.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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