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valdo cruz

 

28/12/2010 - 07h12

Última promessa

Luiz Inácio Lula da Silva deixa o Palácio do Planalto com a sensação do dever cumprido. Claro que não fez tudo o que desejava e deixou de fazer muito do que deveria ter feito, mas sai do governo com dados altamente positivos. Mais do que suficientes para se orgulhar de sua administração e buscar um descanso merecido, para depois ir atrás de novos desafios.

Nesse período de ócio, que ele merece, Lula deveria fazer uma boa reflexão e engavetar uma de suas promessas: a de que, fora do governo, irá se dedicar a desmontar o que classifica de "farsa do mensalão". O ainda presidente tem lá seus motivos para não gostar desse período de seu governo e de como muitos falam sobre ele, mas não deveria remexer no tema.

O fato é que, se for realmente fundo no assunto, pode trazer à tona coisas indesejáveis. Talvez não para ele diretamente, mas para alguns amigos e ex-auxiliares, o que pode tornar a coisa pior do que já foi. Por exemplo: a famosa lista elaborada pelo publicitário Marcos Valério com os nomes dos beneficiários do mensalão teve mais de uma versão antes de ser divulgada naquela época.

Nos bastidores de Brasília, há quem diga ter visto a relação original, logo depois de ter sido produzida, sendo manuseada num hotel da cidade. Ali estavam os nomes de quem foi beneficiado com saques no Banco Rural, onde a grana era distribuída. Quem viu deu uma olhada no documento. Percebeu, depois, que alguns nomes desapareceram da lista final, a que foi divulgada, e alguns valores foram reduzidos.

Claro que a tal lista original poderia não bater com a realidade. Mas também pode ter sido ajustada depois de algumas negociações. Isso, até aqui, ficou apenas no mundo dos bastidores de Brasília. Não foi investigado a fundo. Se alguém remexer no tema, quem sabe essa história não pode ser tirada a limpo.

Daí que Lula deveria refletir bastante durante seu período de descanso pós-presidência sobre o assunto. Muita gente em Brasília vai agradecer. Se bem que, em nome da transparência, seria um grande serviço ao país. Além de evitar que a impunidade só cresça. A conferir se essa última promessa será cumprida.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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