É secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno 'Mundo'.
Escreve às segundas-feiras.
28 de junho, BH
SÃO PAULO - Se a Copa do Mundo e as eleições tiverem um encontro marcado neste ano, ele ocorrerá no último fim de semana de junho, provavelmente às 13h de sábado, dia 28, em Belo Horizonte. Nessa data e nesse local vão se enfrentar, pelas oitavas de final, o primeiro colocado do grupo A, o do Brasil, e o segundo do B.
Caso se confirmem os favoritismos na fase inicial, a seleção brasileira vai disputar na capital mineira uma partida de vida ou morte contra a Espanha, atual campeã, ou a Holanda, a vice, que eliminou a equipe de Dunga no último Mundial.
Para o time e a torcida do Brasil, o final desse jogo será um daqueles eventos que não admitem meio-termo entre o êxtase arrebatador e a frustração profunda. Como se diz no interior, ou vai ou racha.
A eliminação precoce do Brasil colocaria em evidência a agenda negativa da competição: as escolhas perdulárias, os estádios bilionários que jamais serão lucrativos e a falácia dos legados urbanos.
Não seria bom para quem está no Executivo e pretende disputar o segundo mandato em outubro, como vários governadores e a presidente da República. À morte súbita do frenesi esportivo sucederia o parto prematuro da disputa eleitoral, em ambiente pedregoso para mandatários.
Até a data da partida, final de junho, o horizonte já não parece favorável para os mandachuvas da política. É preciso pouca deterioração adicional, por exemplo, para que a taxa de aprovação da presidente Dilma Rousseff se aproxime dos cabalísticos 30%, abaixo dos quais a reeleição começaria a ficar menos provável.
A vitória do time de Felipão, se não seria bastante para reverter o quadro de desgaste na política, ao menos dividiria a atenção da sociedade por mais tempo. Já valeria um gol para Dilma, naquela que se insinua como a mais difícil campanha de reeleição presidencial desde que essa possibilidade foi instituída.
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