Amigo que vaia, amigo que aplaude, a moça do telemarketing está certa: vai estar havendo Copa. Resolvida a questão ludopédica e ontológica —ser ou não existir, eis a questão, querida Bia Abramo!— vamos às dez razões para estar amando o mundial, por supuesto:
1) A Espanha voltou a 1950, levou de 5 da esquadra do príncipe neo-pernambucano Maurício de Nassau. Foi tão humilhante que rolou conspiração: a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais comprou o jogo, vide século XVII.
2) Como no frevo "Cala a boca menino", de Capiba, em uma mulher não se bate nem com uma flor. A pátria em coxinha-creme não quis saber de delicadeza. Vaia VIP também vale, meu caro João Gilberto, mas problema com a fase anal ("vai tomar no c...") só Freud cura. Menos Bolsa de Valores e mais psicanálise.
3) A mesma plateia, porém, soube esticar o hino do lábaro que ostentas além do padrão Fifa.
4) A cada erro do juiz, e foram muitos, os conspiradores apostam em uma Copa vendida. O videoteipe segue burro, mesmo com mil câmeras. O melhor do futiba são os sapos tanoeiros:
foi, não foi, foi, não foi... Foi pênalti sim no Fred, só agora vi que o croata o beija tecnicamente.
5) Patriotismo nem sempre ajuda, no jogo contra os bodes dos Balcãs, a defesa brasileira pegou o complexo de MacunaEmo —a preguiça de Macunaíma com o choro de um roqueiro Emo.
6) A Fifa, que tanto exigiu, é dona da maior lambança: a abertura. Nem o designer Hans Donner, amada Pinky Wainer, faria algo tão sem graça como a dupla belga das araucárias. Só gostei do pula-pula da vitória-régia.
7) A mídia estrangeira está mais perdida nas contradições do Brasil que o Cabral a caminho das índias.
8) A mídia brasileira nunca foi tão estrangeira.
9) O Galícia, meu time dos galegos da Bahia, faria mais bonito que os astros de Espanha.
10) Quem manda no Itaquerão é o santista Neymar Jr.
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