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22/08/2012 - 05h01

Provador ajudou a criar cafés de animais

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Filho de agricultor, Evair Vieira de Melo nasceu em Venda Nova, no interior do Estado do Espírito Santo, em abril de 1972.

Conheceu energia elétrica aos 15 anos. Falou ao telefone pela primeira vez aos 18. Nem sequer viu a Copa de 82 - a de 86, ouviu pelo rádio.

Hoje, é um dos provadores de café mais respeitados do Brasil e o único juiz que vai, todos os anos, avaliar os grãos mais caros do mundo na Indonésia - o kopi luwak.

Há cem anos, sua família trabalha no cafezal. Seu avô materno ainda é vivo. Tem 92 anos e é analfabeto - "só saber ler carta de baralho e nota de dinheiro".

Quando jovem, Evair estudava à noite, depois de caminhar seis quilômetros, com a mochila nas costas - seis para ir, seis para voltar. Pagou a faculdade de administração com pães e biscoitos que sua mãe fazia, e ele vendia.

Marcelo Justo/Folhapress
Evair de Melo, 40, respeitado provador profissional de café
Evair de Melo, 40, respeitado provador profissional de café

Em 1997, ganhou uns trocados para encher o tanque da Brasília de seu pai e se mandou para uma festa de agricultores nas redondezas. Foi se esconder da chuva em uma barraca e esbarrou, acidentalmente, num sujeito que viera de São Paulo para dar cursos de qualidade de café. "Eu tinha ouvido falar que provador de café era o cara, era o cara."

Aí que recomeçou sua caminhada no mundo do café, no qual ele foi cavucar o que de bom se podia extrair de cafés da Zona da Mata, de péssima fama, deu consultorias, fez provas pelo mundo.

Não sabia nem de quem se tratava na época, mas foi anfitrião do fotógrafo Sebastião Salgado, num ensaio de cafezais brasileiros, que lhe custou 45 dias de viagem.

1.200 XÍCARAS POR DIA
E assim foi. Estudou análise sensorial de água, de fruta, de arroz, de chá, de perfume, de... carro! E hoje participa de provas profissionais de café em que, em um dia, chega a avaliar 1.200 xícaras. "Precisa ter equilíbrio emocional e estar bem fisicamente em dia de prova", diz Evair.

E foi ele, hoje presidente da Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) e do Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária, que ajudou a desenvolver os cafés de jacu e de cuíca. Agora está de olho em um macaco e outras aves nativas.

 

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