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Garimpos do Interior recupera cozinha caipira
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JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
A comida brasileira com que o paulista mais se identifica não é típica da capital, mas do interior do Estado, ou de Minas Gerais -para onde migrou desde a época dos bandeirantes. É a que se come no Garimpos do Interior.
Ainda assim, a chef e sócia Angelita Gonzaga não é de nenhuma dessas regiões. Nascida há 46 anos em Vitória (ES), a artista plástica teve seu primeiro bar, e depois uma churrascaria, em Natal (RN), na década de 90.
Alessandro Shinoda/Folhapress | ||
Vaca atolada servida com arroz, couve, banana e farofa de soja |
Ela morou em várias cidades e regiões do Brasil, inclusive em Minas; em São Paulo ela está há oito anos, mas só agora, em sociedade com a amiga Jorgina Guimarães, resolveu montar um novo negócio, aberto no começo do ano.
O Garimpos do Interior vale a visita. É um lugar simples, de cadeiras de madeira dura, mesas ao ar livre às vezes atingidas por uma nesga incômoda de sol, sem manobristas (e cercado de ladeiras cruéis a enfrentar depois do repasto). Mas a comida vale a pena.
O cardápio é de pratos tradicionais, mas Angelita não se limita a reproduzir receitas consagradas, colocando a mão em vários detalhes.
Um exemplo prosaico é o café: de coador (de pano, como se deve!), trazido à mesa com água, pó e açúcar separados, para que cada um o prepare na sua medida.
Mas o exemplo mais gritante é o substancioso "pouco diferente", prato que prende o olhar quando passa no salão. Para três pessoas, é um corte transversal do porco, abrangendo a costela, o lombo e a barriga pururucada, acompanhado de arroz, feijão, couve, farofa e molho.
Sim, é basicamente um leitão tradicional, mas a amplitude do corte é especialmente atraente e original. Sim, uma cuidadosa investigação de técnicas de um chef multiestrelado proporcionaria cozimentos ligeiramente diferentes a cada seção do corte, para que cada um chegasse no seu ponto ideal.
Mas a média obtida pela chef é mais do que satisfatória e a iniciativa de conseguir uma abordagem original da receita tradicional já é digna de aplauso.
Alessandro Shinoda/Folhapress |
Ambiente do restaurabte Garimpos do Interior |
E a cozinha manda bem na hora de fazer o pastel de angu (com recheio de carne ou queijo) bem sequinho e crocante; ou no detalhe de servir uma couve bem refogada mas ainda crocante; e por aí vai, interior afora.
Do Vale do Paraíba ele traz uma rabada cozida com batata-doce e batata inglesa, agrião ou ora-pro-nóbis, acompanhada de arroz, angu, feijão e farofa.
E tem ainda a galinhada caipira (aos domingos) feita com arroz e açafrão. O tutu à mineira; o leitão na lata; e, claro, aos sábados, a feijoada (com feijão-manteiga, e não o preto).
GARIMPOS DO INTERIOR
Endereço r. Marco Aurélio, 201, V. Romana, tel 0/xx/11/2339-5008
Funcionamento qua. a sex., das 12h às 22h; sáb., das 12h às 19h; dom. e feriados, das 12h às 18h
Ambiente as mesas se espalham pelos cômodos e quintal de uma residência adaptada, num clima bem de casa do interior
Serviço vai no ritmo de uma casa simples, mas com a equipe se esforçando bem
Vinhos a carta é na verdade de cachaças, com boas opções
Cartões D, M e V
Preços entradas, de R$ 8,50 a R$ 24; pratos, de R$ 24,90 a R$ 73; porções, de R$ 3,20 a R$ 9; sobremesas, de R$ 9,50 a R$ 14,50
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