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18/01/2013 - 22h09

Chef de tradicional restaurante reclama do preço do peixe e das condições de venda

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DE SÃO PAULO

"A nova briga da gastronomia brasileira é por melhores produtos. Coisas simples, um peixe fresco, um tomate decente..." publicou o chef Raphael Despirite nesta semana em sua página do twitter.

O desabafo foi feito depois de perceber que o preço do quilo do robalo na Ceagesp, em São Paulo, chegou a R$40.

Patricia Stravis/Folhapress
O chef Raphael Despirite, do restaurante Marcel, que reclama da alta do preço do robalo
O chef Raphael Despirite, do restaurante Marcel, que reclama da alta do preço do robalo

Em entrevista à Folha, Despirite afirma que a qualidade do produto não acompanha a alta no preço "O peixe que a gente usa tem muito tempo de pesca. Ele vem metade congelado para cá, metade não. Não é como na Europa, que se compra peixe pescado no dia e onde o cuidado das pessoas com o produto é enorme".

O jovem chef em ascensão, a frente do tradicional restaurante Marcel, também critica o cuidado que se tem com o produto, muito perecível, dentro da Ceagesp: "Não dá para entrar sem galochas na Ceagesp. Tem água suja no chão, o peixe fica jogado, peixe velho fica junto com peixe novo... No Merca Madrid (na Espanha), por exemplo, você encontra peixe vivo para comprar. O cuidado é muito maior. Você não vê o peixe no chão.".

BARCOS ANTIGOS

No litoral brasileiro ainda predomina a pesca artesanal (responsável por 70% do pescado nacional).

Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, o país tinha 957 mil pescadores artesanais em 2011. Aproximadamente metade deles depende de programas assistenciais do governo federal.

Os barcos desses pescadores são antigos, gastam muito combustível e não têm locais ideais de armazenamento e manipulação.

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o peixe não é refrigerado de forma homogênea e o acondicionamento inadequado no transporte e distribuição faz com que muito do produto tenha que ser descartado.

O Ministério da Pesca e Aquicultura informou que há dois programas voltados para a modernização das embarcações, o Profrota e o Revitaliza, que oferecem financiamento para o pescador.

O governo federal já anunciou que a pesca é atividade central no país e que R$ 4,1 bilhões serão investidos na pesca e aquicultura até 2014.

O coordenador geral de Sanidade Pesqueira do Ministério da Pesca e Aquicultura, Eduardo Cunha, afirma que o peixe legal no Brasil, ou seja, aquele que passou pelo controle oficial, é um peixe de qualidade, "De fato pode melhorar, se a gente melhorar a condição das embarcações brasileiras, o acondicionamento do peixe, o que é tema forte no Ministério. O peixe precisa passar por menos processos na indústria e chegar mais fresco para o consumidor".

A DISTRIBUIÇÃO EM SÃO PAULO

Em São Paulo, a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) é o principal entreposto de distribuição.

Uma nota enviada pela assessoria de imprensa da companhia, afirma que as áreas de comercialização são lavadas e higienizadas antes e depois da exposição de pescados e não há necessidade de secar o local.

Segundo a Ceagesp, apesar de existir o desnível necessário para o escoamento da água, ainda há certo acúmulo, decorrente do degelo (proveniente do gelo utilizado para manter a temperatura adequada do pescado).

Por isso, providências estão sendo tomadas para aquisição de bancadas e/ou estrados com altura compatível para proteção do pescado ou elevação da área de exposição.

Ainda de acordo com a nota, o pescado que chega ao entreposto é comercializado quase que totalmente no mesmo dia, mas é possível encontrar um ou outro lote do dia anterior junto com os lotes do dia.

Segundo a Ceagesp, há um projeto de reforma em andamento para o entreposto.

 

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