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Alunos lançam plebiscito on-line sobre a presença da PM na USP
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RAFAEL SAMPAIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Estudantes da USP contrários à greve lançaram um plebiscito na internet pedindo a opinião sobre a presença ou não da Polícia Militar na Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo.
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Para Entender Direito: A invasão do ponto de vista jurídico
O plebiscito virtual pede ao aluno que coloque o seu número de registro na USP e a faculdade em que estuda para registrar o voto.
O resultado vai ser divulgado no dia 20 de novembro, segundo o site de votação.
Ontem à noite, alunos de três faculdades realizaram assembleias e aprovaram adesão à greve: FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), ECA (Escola de Comunicações e Artes) e FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo).
Os estudantes em greve planejam fazer um protesto a partir das 14h de hoje no Largo do São Francisco, na Faculdade de Direito da USP. Às 18h está prevista uma assembleia na instituição.
Debates e assembleias estão ocorrendo ao longo do dia na Cidade Universitária. Na ECA, o professor Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, deu uma aula aberta aos estudantes na manhã de hoje.
PROTESTOS
De acordo com nota enviada pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes) da USP, após o protesto no Largo São Francisco será feita uma nova reunião para definir os rumos da greve geral instaurada na terça-feira (8), após assembleia com cerca de 2.000 alunos.
Ontem, as aulas seguiram normais na maioria dos cursos. Na FFLCH, epicentro dos protestos, alguns cursos tiveram movimento reduzido, e aulas foram canceladas. As faculdades ECA, de comunicação e artes, e a FAU, de arquitetura, também apoiaram a greve, após assembleia.
Na nota pública, os alunos apresentaram alguma alternativas para garantir a segurança no campus: abertura e incentivo à maior circulação de pessoas nos campi; contratação via concurso público de mais guardas, que seriam gerenciados pela comunidade; um novo plano de iluminação para o campus; mais ônibus circulares, fazendo a ligação com a estação Butantã do metrô; saída da Polícia Militar do campus.
"Entendemos que nas universidades, a intervenção do Estado e das empresas não deve ocorrer, que a universidade deve ser um espaço de livre manifestação do pensamento, para que possamos discutir e transformar a sociedade", diz a nota.
Alessandro Shinoda/Folhapress | ||
Alunos da FFLCH na USP decidem mater a greve apos estudantes que ocuparam prédio da reitoria serem presos |
MANIFESTAÇÃO
Os manifestantes reivindicam a saída do reitor João Grandino Rodas, a saída da Polícia Militar do campus, a implementação de um programa paralelo de segurança e a não punição dos que participaram da invasão do prédio da reitoria da universidade.
Nesta terça-feira, 72 pessoas foram presas durante a reintegração de posse da reitoria. Segundo o delegado seccional Dejair Rodrigues, outros três alunos foram levados e liberados em seguida porque não estavam envolvidos na invasão do prédio da universidade.
Os presos pagaram a fiança de R$ 545 cada um, e foram liberados. Eles foram indiciados sob suspeita de desobediência a ordem judicial (não cumpriram o prazo de desocupar a reitoria até as 23h de ontem) e dano ao patrimônio público (o prédio foi danificado).
PROFESSORES
A Adusp (sindicato dos professores da USP) votou contra a participação na greve dos alunos, em assembleia realizada na noite desta quarta-feira.
Foi aprovada, no entanto, a participação no protesto marcado para esta quinta-feira, às 14h, que vai acontecer no Largo do São Francisco, na Faculdade de Direito (região central de São Paulo).
Os professores apoiam o fim do convênio com a PM e a não-punição dos estudantes, de acordo com a presidente da Adusp, Heloísa Borsari. "Queremos uma discussão democrática sobre a questão da segurança", afirmou ela.
O Sintusp (sindicato dos funcionários da USP) avalia ser "pouco provável" aderir à greve, segundo o diretor Aníbal Cavalli. Ele ressalta, no entanto, apoio às pautas dos estudantes ao protesto.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
REINTEGRAÇÃO
A reintegração começou por volta das 5h desta terça-feira. Segundo a PM, os estudantes estavam dormindo quando a operação começou. Cerca de 400 policiais da Tropa de Choque e da Cavalaria da PM foram acionados, além de um helicóptero Águia e de policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e do GOE (Grupo de Operações Especiais).
Os estudantes detidos reclamaram do tratamento que receberam da polícia. "A atuação foi brutal, uma presença muito forte e desproporcional. Para que agredir os estudantes, usando algemas? Os policiais quebraram várias portas da reitoria onde a gente nem tinha entrado. Temos consciência de que essa perseguição é política", disse Paulo Fávaro, 26, aluno de artes visuais.
O major da PM Marcel Soffner afirmou que a reintegração de posse foi tranquila e sem confronto. Sobre os possíveis abusos, o major informou que toda operação da PM foi gravada e as suspeitas de agressões serão apuradas. "Tudo foi documentado e, se houver qualquer suspeita, vamos apurar", disse.
HISTÓRICO
Os acontecimentos que levaram à ocupação da reitoria tiveram início no dia 27 de outubro, quando três alunos da USP foram detidos por posse de maconha. Houve reação de colegas, que investiram contra a PM. Policiais usaram bombas de efeito moral e cassetetes para levar os rapazes à delegacia --depois eles foram liberados.
Na mesma noite, um grupo de cem estudantes invadiu um prédio administrativo da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Na terça passada, mais de mil alunos realizaram uma assembleia que decidiu, por 559 votos a 458, pela desocupação do edifício.
A minoria derrotada, porém, decidiu invadir a reitoria. A USP toda tem cerca de 82 mil alunos (50 mil só na Cidade Universitária).
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