Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/12/2011 - 18h01

Corpo de Joãosinho Trinta será enterrado nesta segunda no MA

Publicidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O enterro do corpo do carnavalesco Joãosinho Trinta está previsto para as 10h30 da segunda-feira (19), no cemitério do Gavião, em São Luís (MA). O corpo está sendo velado desde ontem (17) no prédio do Museu Histórico e Artístico da cidade. O carnavalesco morreu neste sábado, aos 78 anos.

Leia repercussão sobre a morte do carnavalesco
Veja obras de Joãosinho Trinta
Veja galeria de fotos da trajetória do carnavalesco

Joãosinho Trinta estava internado desde o último dia 3 na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do UDI Hospital, em São Luís, cidade onde nasceu. Segundo boletim divulgado pelo hospital, a causa da morte foi choque séptico (infecção generalizada), causado por uma série de problemas, como pneumonia e infecção urinária.

Marlene Bérgamo - 15.fev.99/Folhapress
Joãosinho Trinta desfila pela Unidos de Viradoro em 1999; clique e veja mais imagens
Joãosinho Trinta desfila pela Unidos de Viradoro em 1999; clique e veja mais imagens do carnavalesco

O carnavalesco já havia ficado hospitalizado em São Luís em maio e junho. Ele passou a se locomover em cadeira de rodas em 2005, após o segundo acidente vascular cerebral --o primeiro foi em 1997.

Amigos e representantes de escolas de samba lamentaram a morte de Joãosinho Trinta e destacaram sua importância na história do Carnaval brasileiro.

"João sempre foi uma referência, representou uma mudança de conceito no que se refere a Carnaval. Mudou desfile, mudou alegoria, fantasia, mudou tudo. O que o João pregava nos anos 70 e os outros atiravam pedras, hoje em dia as pessoas valorizam e acham bonito", afirmou o carnavalesco da Unidos da Tijuca, Paulo Barros.

A presidente Dilma Roussef também lamentou morte do carnavalesco maranhense.

"O Carnaval do Brasil fica mais triste sem a alegria e o talento de Joãosinho Trinta. Artista plástico, por mais de quarenta anos encantou a todos com a criatividade de suas produções, a inteligência de seus enredos e a ousadia de seus desfiles de escolas de samba no Rio de Janeiro. É uma grande perda. Joãosinho Trinta fez do Carnaval brasileiro uma das mais belas festas do mundo", disse Dilma.

Danilo Verpa/Folhapress
Carnavalesco Joãosinho Trinta morre aos 78 anos; foto mostra ele em visita aos preparativos do Carnaval de SP
Carnavalesco Joãosinho Trinta morre aos 78 anos; foto mostra ele em visita aos preparativos do Carnaval de SP

BIOGRAFIA

Nascido João Clemente Jorge Trinta, em 1933, o carnavalesco, artista plástico, cenógrafo e bailarino chegou a capital carioca em 1951, aos 18 anos --antes disso trabalhava como escriturário. Cinco anos depois, passou a integrar o Balé do Teatro Municipal do Rio. Amigo do poeta Ferreira Gullar, chegou a dividir um apartamento no Catete com o conterrâneo.

Em 1963 ingressou na Acadêmicos do Salgueiro e ajudou o carnavalesco Arlindo Rodrigues com o enredo "Xica da Silva" (samba-enredo de Anescarzinho do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira). A escola foi campeã.

Criador dos grandes carros alegóricos, só foi "assinar" um desfile como carnavalesco em 1974, também para o Salgueiro.

Membro da equipe de Fernando Pamplona, Trinta ajudou a transformar os desfiles no que são hoje. Perderam espaço os passistas que desfilavam livres no chão, sem carros alegóricos ou fantasias mirabolantes, ao som de sambas sincopados, para dar espaço a espécie de "ópera popular", em que as alas desfilam em blocos seguindo coreografias moldadas à risca para contar o enredo da escola.

Repleta de sucessos, a carreira de Trinta como carnavalesco foi polêmica.

Em 1989, a Beija Flor de Nilópolis, então sob o comando do carnavalesco, foi impedida de levar para o Sambódromo a imagem de um Cristo mendigo dentro do enredo "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia".

Para burlar a proibição e ao mesmo tempo criticar a Igreja, que havia recorrido à Justiça para vetar o uso da imagem, Joãosinho envolveu a estátua em plástico preto, com uma faixa onde se lia "Mesmo proibido, olhai por nós". A escola ficou em segundo lugar --a campeã foi a Imperatriz Leopoldinense-- mas o carnavalesco fez um desfile histórico, lembrado até hoje como um dos mais emocionantes da passarela do samba.

Foram 17 anos na Beija-Flor de Nilópolis e sete na Viradouro, mas no início dos anos 2000 Joãosinho transferiu-se para a Grande Rio.

Em 2004, a escola de samba o demitiu horas antes da apuração oficial, alegando insatisfação com a concepção do enredo "Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor...". Segundo a Grande Rio, a ideia da escola era realizar um desfile para a conscientização do uso da camisinha e do perigo das doenças sexualmente transmissíveis.

No entanto, a concepção do carnavalesco era mais sexualizada, com carros alegóricos que reproduziam imagens do "Kama Sutra" (manual indiano de posições sexuais). Dois carros com cenas de sexo foram encobertos, por recomendação da Promotoria de Infância e Juventude de Duque de Caxias (região metropolitana do Rio). A escola classificou-se em 10º lugar.

Joãosinho se afastou do Carnaval em 2006, depois de ter sofrido dois AVCs (acidente vascular cerebral) e continuado a trabalhar --o primeiro foi em 1997 e o segundo, em 2004.

De tão associado à festa virou tema de documentário, livro e, claro, samba enredo. No filme "A raça síntese de Joãosinho Trinta", lançado em 2009, os autores investigam o processo de criação de um enredo para uma das muitas escolas de samba em que ele trabalhou.

Atualmente, Trinta estava no Maranhão trabalhando em projetos da Secretaria da Cultura para a comemoração dos 400 anos de São Luís, em 2012. Ele planejava um cortejo de 5 mil pessoas, repleto do luxo que o tornou famoso, para contar a trajetória da cidade.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página