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Antonio dos Santos Clemente Filho (1920-2012) - Médico e fundador da Apae
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ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Por ser médico, Antonio dos Santos Clemente Filho percebeu rapidamente que seu segundo filho, Zeca, nascera com síndrome de Down.
No começo, não sabia como dizer à mulher, Jolinda, a Jô, e proibiu que lhe contassem, com medo de sua reação. Ela só foi descobrir após levá-lo ao neurologista.
"Em 1961, quando o meu filho tinha 13 anos, fundei a Apae (Associação dos Pais e Amigos do Excepcional). Nosso objetivo era sair das mãos de um sem-número de ignorantes", Jô escreveu nesta Folha, em 2006. Antonio, conhecido como dr. Clemente, engajou-se na luta da mulher.
Foi o impulso médico para a criação da Apae, conta o filho Cássio, diretor-presidente da associação. Os outros 11 fundadores eram leigos.
Paulistano, filho de uma professora e um comerciante português, formou-se pela USP em 1945 e se especializou em raio-X. Lecionou na Escola Paulista de Medicina.
Em 1954, fundou com um sócio a URP Diagnósticos Médicos, pioneira em diagnósticos por imagens. Foi vendida para o laboratório Fleury.
Duas vezes presidente da Apae, ajudou ainda a criar as federações paulista, nacional e internacional das Apaes.
Aposentou-se em 2000. Há alguns anos, passou a sofrer de Alzheimer. Jô, 85, sua companheira desde 1947, afastou-se da Apae para cuidar dele.
Aos filhos ensinou que duas palavras movem a humanidade: "obrigado" e "por favor", lembra Cássio. Era culto e adorava viajar de navio.
Zeca morreu em 2001, aos 52. Dr. Clemente morreu ontem, aos 91, de insuficiência respiratória. Deixa três filhos, nove netos e cinco bisnetos.
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