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19/06/2012 - 03h00

Reitor promete punição a alunos por protesto na Unifesp

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FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) punirá estudantes que participaram da invasão do campus Guarulhos semana passada, prometeu o reitor da instituição, Walter Albertoni.

Ele criou ontem comissão disciplinar, "com direito a ampla defesa", mas completou: "posso dizer que sem punição não vai ficar".

Em entrevista à Folha, Albertoni, 71, disse ontem que os docentes estão com medo e cobram uma posição dele.

Na última quinta-feira (14) à noite, um grupo de alunos fez manifestação cobrando melhorias na unidade, inaugurada em 2007 e que até hoje usa instalações provisórias.

A reitoria e as polícias militar e federal dizem que eles intimidaram servidores, que ficaram "acuados" no prédio, quando foram quebrados vidros e equipamentos.

Os alunos afirmam que o ato foi pacífico.

Vinte e dois estudantes foram presos e liberados na sexta-feira (15) à noite, mas respondem processo por dano ao patrimônio público e constrangimento ilegal.

A Polícia Federal inicialmente citou também o crime de formação de quadrilha, mas a Justiça não aceitou este enquadramento.

Segundo Albertoni, 71, serão chamados os alunos presos pela PF e outros quatro que foram citados por intimidações anteriores.

Abaixo, o reitor comenta também a greve dos alunos, iniciada em março --já os docentes participam da greve nacional, iniciada há um mês, que cobram do governo Dilma um reajuste salarial e melhorias na carreira.

O reitor concedeu a entrevista no campus de Guarulhos, que está com paredes pichadas e equipamentos e computadores danificados.

Folha -Como o sr. avalia os protestos na unidade?

Walter Albertoni -Como movimento estudantil e docente, é legítimo. Este campus está carente em relação a infraestrutura. As soluções ainda passam por um sistema mais provisório, mas está sendo feito. O que a gente condena é a violência. A reitoria e a diretoria do campus nunca fechou diálogo. As coisas da pauta que dava para discutir estão todas encaminhadas. Mas as reivindicações por melhoria no campus vêm desde ao menos 2008. A urgência de um prédio que deveria estar pronto em 2011 não dá mais para cumprir. Então estamos buscando outras formas, prédios alugados. E, se tudo correr bem, o prédio de 20 mil metros quadrados vai ficar pronto em 18 meses. É o mesmo projeto de São José dos Campos, que entrou em licitação simultaneamente com o daqui. Mas lá a empresa já fechou e começou. Aqui deu problema de sobrepreço e teve começar tudo de novo. Por que houve esse problema? Não sei.

O sr disse que havia diálogo. Então, por que houve a nova invasão?

Fui surpreendido ou fui inocente. Terminada a última ocupação, em que todos saíram sem se machucar, achei que tudo estava terminado. Marquei a audiência pública que eles queriam. Mas fui surpreendido.

Há forças externas ao movimento estudantil?

A gente vê blogs, partidos pequenos, a situação eleitoral em São Paulo. Alguma coisa tem junto. Mas não é só isso. As reivindicações estudantis são corretas. Mas quando mostramos as soluções para a pauta, aparecem outras demandas.

Há críticas de membros da própria Unifesp contra a ação da polícia.

Não é projeto de qualquer reitor ter confronto policial com estudante. Mas é a última instância. Houve três ocupações. Quando foi pacífica, mesmo quebrando coisas, teve negociação até o final. O último episódio extrapolou qualquer planejamento. O grupo saiu de assembleia que não votou isso. Dizem que era só um ato. Como? gritavam ªocupaçãoº, quebravam vidros. Nessa situação, só resta chamar a polícia, como é na casa da gente. E não tenho um senão da ação da polícia. Nestes casos com universidade, vem sempre os comandantes mais preparados. Esse grupo é um pedaço [da universidade]. meus estudantes são outros. Dos 2.800 alunos de graduação e 200 de pós graduação, temos 50, 60 com esse tipo de atividade. O restante é muito melhor que eles.

Como será o retorno às aulas?

Os professores estão com medo e me cobram. O que o sr. vai fazer com esse pessoal que me ameaçou? Montei uma comissão disciplinar, que vai ouvir os lados, ampla defesa, com 60 dias de prazo.

Os docentes estão satisfeitos?

Não. Uns 35 disseram que não voltam enquanto esse pessoal seguir aqui. Temem pela integridade física [a unidade tem 191 docentes]. Acredito que eles vão procurar, quando voltarem as aulas, se comportar bem, para aliviar na comissão. Mas posso dizer que sem punição não vai ficar.

Qual será?

Há várias formas, advertência, suspensão. A expulsão é a mais drástica.

Como o sr. avalia os prejuízos da greve?

Mais um pouco, não dá para fazer vestibular para o ano que vem. O pessoal que entrou neste ano praticamente não teve aulas. Como vou ter mais 700 vagas, que vai embolar com este primeiro ano?

Qual o limite para garantir o vestibular de 2013?

Ainda não estipulamos. Dá para trabalhar em julho, em dezembro, entrar em janeiro [do ano que vem], atrasar o início da outra turma. Mas há um limite.

 

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