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Representante de motoristas de vans diz que Rio 'empurra situação com a barriga'
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DO RIO
Após fazer uma carreata que prejudicou o trânsito no Rio na manhã e no início da tarde desta quarta-feira, motoristas de van reuniram-se em frente à Câmara Municipal para a etapa final do protesto. Com camisetas do movimento, faixas e carro de som, eles cobram a realização de uma licitação para a concessão de licenças de exploração do serviço. Os manifestantes acusam a prefeitura de 'empurrar a situação com a barriga'.
Representante do Sindivans-Rio, um dos sindicatos que organiza o movimento, Guilherme Biserra diz que, em 2002, uma lei municipal regulamentou o transporte complementar no município do Rio. Com isso, foram concedidas permissões temporárias para os motoristas que já atuavam no sistema.
"Seis mil pessoas operam com essas permissões provisórias. Desde então o poder público vem empurrando com a barriga a responsabilidade de realizar o processo licitatório", afirmou.
Segundo ele, isso precariza o serviço. "O município não reconhece trajetos, não existem pontos de embarque e desembarque, não temos acesso ao BRS [corredores de uso exclusivo para ônibus] sequer para pegar ou soltar passageiros, não temos sistema de bilhetagem eletrônica e nem fazemos parte do bilhete único", reclamou.
Biserra disse ainda que a categoria decidiu protestar agora porque a realização da licitação foi uma promessa de campanha de Paes nas últimas eleições. "Quem garante que ele vai ganhar as eleições deste ano? E, mesmo que seja reeleito, já vai ser outro governo. Nosso temor é que a licitação seja jogada para daqui a dois anos", afirmou.
Marlon Falcão/Fotoarena/Folhapress | ||
Protesto de motoristas de vans prejudica o trânsito no Rio |
Outra reivindicação é que a licitação mantenha o atual número de 6.000 operadores. Segundo Hélio Ricardo Souza, do Sinditrans-Rio, outro sindicato da categoria que participa do movimento, a prefeitura já manifestou interesse em licitar apenas 1.200 licenças.
Questionados sobre a investigação da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) que apontou que o sistema de vans financia milícias que atuam na cidade, os sindicalistas disseram que motoristas e cooperativas são vítimas de extorsão e que esse é um problema que deve ser resolvido pela Secretaria de Estado de Segurança Pública.
"A zona oeste da cidade é controlada por milícias. Não é só o transporte alternativo que tem que pagar taxa para a milícia. Se alguém resolve abrir uma videolocadora também tem que pagar", disse Biserra.
"Se a pessoa não paga os veículos sofrem combustão espontânea", completou Souza, do Sinditrans-Rio. Ele já chegou a ser detido por suspeita de envolvimento com milícias. "Passei um ano e meio preso arbitrariamente, mas fui absolvido. A denúncia foi feita por outra cooperativa com a qual eu tinha divergências comerciais", afirmou.
MOTIVAÇÃO POLÍTICA
Para o prefeito Eduardo Paes, os manifestantes têm motivação política. Segundo ele, os cooperativistas de vans do Rio têm, há 15 dias, uma reunião marcada para amanhã na Secretaria de Transportes do Rio.
"Parece estranho que a 45 dias das eleições os motoristas resolvam se manifestar. A motivação é eleitoral", disse Paes.
O prefeito afirmou que não vai haver redução no número de vans da cidade, respondendo a uma suposta preocupação dos manifestantes. Paes disse que as licitações de vans continuarão sendo individuais, onde cada motorista tem sua licença própria.
Isso já foi feito em algumas áreas da cidade e tira, em parte, o poder das cooperativas. As concorrências não são mais feitas entre cooperativas e sim entre motoristas. O sistema é semelhante aos dos táxis, em que cada motorista tem sua autonomia.
"Vamos continuar fazendo licitações individuais. Esse modelo é para beneficiar a todos e não só aos donos de cooperativas, que só se preocupam em ser patrões. Muitos dos que estão protestando já têm licença e foram coagidos a participar", disse.
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