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Crítica: Poucos dados marcam cobertura de atirador de SP na TV
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KEILA JIMENEZ
COLUNISTA DA FOLHA
O filme parecia repetido. Logo de manhã, as piadas do Louro José e os famosos das poltronas de Fátima Bernardes perderam espaço para imagens da Aclimação, onde Fernando de Gouveia, 33, se mantinha trancado na casa de uma psicóloga, armado.
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Sem imagens internas, os canais se concentravam em closes no portão de ferro cercado por policiais, costurada por uma narrativa extensa em cima de poucas informações.
O plantão na porta da casa, com dados desencontrados e apresentadores inflamados, lembrava o caso Eloá (2008), jovem mantida refém por horas pelo ex-namorado Lindemberg Alves e morta durante a invasão da polícia.
"Só Deus para encerrar essa operação em paz", gritava Geraldo Luís na Record, a emissora que dedicou praticamente toda a sua programação à cobertura do caso.
Das poucas informações que chegavam, uma era repetida como mantra na TV: Fernando sofre de esquizofrenia.
E dá-lhe "psiquiatras" de plantão explicando a doença. "Esquizofrênico é o cara que fica ouvindo vozinha na cabeça, como se fosse outra pessoa", explicou Marcelo Rezende, na Record.
Com a mesma audiência de sempre, a TV deu uma trégua à tarde. Só a Record seguiu, até Britto Jr. interromper para mostrar uma entrevista exclusiva: "Luciele Camargo conta como engravidou do ex-jogador Denilson". Globo News e Band News trocaram a Aclimação pelo Mensalão.
Com o fim da operação, Datena, na Band, saiu em defesa da polícia, elogiando a operação. Já Marcelo Rezende não poupou o tenente envolvido no caso. "Ele está falando bobagem. O rapaz não é criminoso, é inimputável."
Sônia Abrão, que em 2008 causou polêmica ao entrevistar Lindemberg Alves enquanto ele mantinha a ex-namorada refém, passou longe da confusão. Preferiu falar de outra encrenca que mobiliza audiência: o fim da vilã Carminha, de "Avenida Brasil" (Globo). Bem mais seguro.
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