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04/12/2012 - 14h05

Irmã de juíza diz que arrependimento de PM 'não adianta nada'

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Presente ao julgamento de um dos réus do assassinato da juíza Patrícia Acioli, a irmã da magistrada Simone Acioli afirmou estar "sendo horrível" para família ouvir um dos acusados narrar detalhes do crime. Ela disse não se sensibilizar com o arrependimento alegado pelo cabo Sérgio Costa Júnior.

Cabo da PM volta a confessar participação na morte de juíza Acioli
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Desembargador nega ter recusado escolta à juíza assassinada
Suspeito de matar juíza Acioli no Rio será julgado em dezembro
PMs envolvidos em morte de juíza têm prisão decretada

"Espero que ele seja punido. Não tenho pena dele. Estar arrependido? Sinto muito mas não adianta nada", afirmou Simone.

Durante o seu julgamento por acusação de matar a juíza Patrícia Acioli, o cabo da PM do Rio Sérgio Costa Júnior voltou a confessar sua participação no crime. Ele é o primeiro réu a ser submetido a julgamento, que está acontecendo nesta terça-feira no Fórum de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

No final de seu depoimento, o cabo da PM Sérgio Costa Júnior disse que se arrependeu de ter cometido o crime. "Tive cabeça fraca. Me deixei levar pela emoção e fiz o que fiz. Que se faça justiça comigo", disse

Simone também disse à Folha que a irmã estava muito preocupada com a situação em São Gonçalo. Segundo ela, Patrícia estava incomodando os policiais porque investigava supostas irregularidades cometidas em autos de resistência (mortes em confronto). Outro problema era que haviam retirado a sua escolta.

"Pedimos para a Patrícia deixar a 4ª Vara Criminal de São Gonçalo porque ficava em uma área muito violenta mas ela não queria porque era apaixonada pela Justiça e disse que tinha que enfrentar", disse.

O cabo acusado de matar a juíza também falou que o tenente Daniel Benitez confessou ter matado a juíza a Cláudio Luiz de Oliveira, então comandante alguns dias após o crime. Na conversa, ele ainda teria dito que cometeu o assassinato com ajuda de milicianos, e não de seus colegas de farda.

Sérgio declarou que, no entanto, não sabe se o tenente-coronel tomou providências ao saber do fato.

A irmã de Patrícia também criticou Oliveira por não ter tomado providências e acionado as autoridades quando foi informado por Benitez sobre o crime. "Ele não honrou o cargo", afirmou.

Efe
A magistrada Patrícia Acioli foi morta com 21 tiros quando chegava em casa após o trabalho; crime foi planejado depois que a juíza iniciou investigações sobre a corrupção no Batalhão de São Gonçalo
A magistrada Patrícia Acioli foi morta com 21 tiros quando chegava em casa após o trabalho; crime foi planejado depois que a juíza iniciou investigações sobre a corrupção no Batalhão de São Gonçalo

MORTE SERIA 'FAVOR'

Primeira testemunha a depor hoje, o delegado Felipe Ettore --que presidiu a investigação do assassinato-- afirmou que o comandante do batalhão de São Gonçalo tinha "total interesse" na morte da magistrada.

De acordo com o delegado, um dos PMs suspeitos de cometer o crime falou em depoimento que ouviu uma conversa entre o tenente Daniel Santos Benitez Lopes e o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante do 7º Batalhão (São Gonçalo), em que Oliveira disse que seria uma "favor para ele" se alguém matasse a juíza.

Testemunhas teriam dito a polícia que o tenente-coronel Oliveira temia ser preso pela juíza por suspeita de corrupção. A magistrada havia determinado que todos os policiais do 7º Batalhão que estavam sendo investigados fossem retirados das atividades externas. Oliveira não obedeceu as determinações.

A advogada Ana Cláudia Abreu Lourenço, segunda testemunha a se apresentar no julgamento, afirmou que a magistrada tinha "muito medo" do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, então comandante do 7º Batalhão (São Gonçalo).

A advogada contou que, em uma conversa dias antes do crime, a juíza afirmou que caso Oliveira comparecesse a 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, onde ela trabalhava, seria "para intimidá-la ou para matá-la".

Lourenço era advogada de defesa do tenente Daniel Santos Benitez Lopes e dos cabos Sérgio Costa Junior e Jefferson de Araújo Miranda --acusados de participar da morte de Diego da Conceição Beliene, 18, em junho, no morro do Salgueiro, em São Gonçalo.

Segundo a investigação, um mês antes do assassinato de Patrícia, a advogada telefonou para o cabo Jefferson Miranda para avisar que a magistrada iria incluir no processo toda a guarnição do GAT (Grupo de Ações Táticas) do 7º Batalhão (São Gonçalo) que esteve no local do assassinato do rapaz de 18 anos.

De acordo com a polícia, os PMs planejaram a morte da juíza para tentar evitar que ela decretasse a prisão do trio pela morte de Beliene. A prisão deles, no entanto, foi decretada por Acioli horas antes de morrer.

Editoria de arte/Folhapress

JULGAMENTO

Começou às 9h de hoje o julgamento do cabo da PM Sérgio Costa Junior. O júri é presidido pelo juiz Peterson Barroso Simão. Os outros réus Junior Cezar de Medeiros, Jefferson de Araújo Miranda e Jovanis Falcão Junior serão julgados apenas no dia 29 de janeiro de 2013.

Segundo a assessoria de imprensa da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, a previsão é que o julgamento se encerre ainda hoje.

No total, 11 PMs serão julgados pelo assassinato da magistrada. O juiz decidiu desmembrar o processo em relação aos outros sete acusados, que aguardam o julgamento de recursos no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal) referente a decisão do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) de confirmar a pronúncia.

Eles são acusados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha armada. As penas variam de dois a 30 anos de prisão. Apenas Handerson Lents não responderá por formação de quadrilha porque não pertencia ao 7º Batalhão de São Gonçalo na época.

De acordo com decisão judicial, Sérgio Costa será julgado separadamente, pois se encontra em uma situação jurídica diferente por ter o benefício da delação premiada, que é concedido a um criminoso delator, que aceita colaborar na investigação. As penas somadas do réu variam de 14 a 36 anos de prisão.

De acordo com a Defensoria Pública, Sérgio vai manter o que falou em juízo, ou seja, confessa que atirou na vítima e depois se arrependeu. Ele recorreu à delação premiada e pode ter sua pena reduzida em até dois terços, caso seja condenado. (MÁRIO HUGO MONKEN)

 

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