'Gringos' vêm ao Brasil para dar aulas em favelas
No quarto onde foi acomodada, a russa Anna Tolokonnikova, 19, sente estar em um lugar seguro e privilegiado. Ela é hóspede em uma casa confortável do bairro do Socorro, zona sul de São Paulo.
Redes humanitárias 'exportam' jovens brasileiros
Mas é só abrir a janela -de onde ela avista moradias carentes- ou circular pelo seu local de trabalho, no Capão Redondo, para se deparar com a pobreza brasileira.
Era isso que ela procurava quando decidiu vir ao Brasil.
Assim como Anna, muitos jovens universitários estrangeiros têm se interessado em conhecer outro Brasil, que vai além do Cristo e da selva.
São europeus, canadenses, americanos e mesmo latinos que passam alguns meses fazendo serviço voluntário em creches e ONGs, com crianças carentes. Além da ajuda em si, a experiência social enriquece o currículo deles.
A Aiesec, rede mundial de intercambistas, trouxe ao Brasil 800 voluntários no primeiro semestre. Até o fim do ano deve atrair 1.500 --número quase nove vezes maior de voluntários estrangeiros do que há apenas três anos.
Lucas Lima/Folhapress | ||
Russa Anna Tolokonnikova dá aulas de inglês para crianças e adolescentes de curso no Capão Redondo, em SP |
Eles têm em média entre 22 e 23 anos e atuam principalmente com educação, dando aulas de idiomas, segundo o diretor financeiro da Aiesec Brasil, Diego Mendes Alvim.
Mas também trazem a experiência mundial no terceiro setor para imprimir mais profissionalismo às ONGs brasileiras -trabalham com gestão, marketing e captação de recurso dessas entidades.
Outra rede mundial de intercâmbio, a AFS Intercultura, também confirma o maior interesse de estrangeiros. São cerca de 30 voluntários de fora chegando por ano --belgas, alemães, suíços e canadenses, principalmente. Até 2005, eram 20 por ano.
O oposto também acontece: entidades de ajuda humanitária exportam cada vez mais voluntários brasileiros.
Edson Silva/Folhapress | ||
Finlandesa Anna-Leena Luoma-Aho e chinesa Wang Dong Zi brincam com crianças no Lar Rosa de Sarom |
'RUSSA NO CAPÃO'
Anna apaixonou-se pelo Brasil que conheceu na novela "O Clone", da TV Globo, transmitida em seu país.
"Os brasileiros são muito amáveis. Eles conseguem ser alegres mesmo vivendo em situações difíceis", diz.
Ela dá aulas de inglês a crianças e jovens do Capão Redondo. Sua chegada causou curiosidade até nos adultos, conta Gustavo Fuga, do 4You2 Idiomas, responsável pelas aulas.
"Até pais de alunos já pediram para entrar e ver. Diziam: 'É verdade que tem uma russa aqui no Capão?'"
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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