Prefeitura vai escorar passarela abandonada em Congonhas
O tempo passou, intervenções urbanas mudaram a cara do entorno, mas a passarela que é o principal acesso de pedestres ao aeroporto de Congonhas continua no mesmo --e precário-- estado.
Empresários tentam tirar do papel reforma da passarela
Batizada de Comandante Rolim Amaro --empresário da aviação morto em 2001--, a passagem está abandonada há pelo menos nove anos, e a situação hoje compromete a segurança.
Em 2004, reportagem da Folha mostrou a deterioração da estrutura da passarela. De lá para cá, placas caíram, grades de proteção aos pedestres foram remendadas de forma improvisada e uma delas nem existe mais.
Fotomontagem | ||
Clique e compare imagens da passarela do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, nos anos de 2004 e 2013 |
O que não mudou foi o movimento, que continua intenso. A passagem é muito usada por tripulantes de companhias aéreas, funcionários do aeroporto e passageiros --Congonhas teve 16,7 milhões no ano passado.
Quem busca hospedagem ou táxis comuns, mais baratos que os do aeroporto, também precisa cruzá-la.
"Não tem outro jeito, mas isso aqui é muito ruim. Passa um caminhão e balança tudo", diz o auditor Pedro Ribas, 41, que pega avião em Congonhas a cada 15 dias.
A situação é perigosa, segundo vistoria feita por um engenheiro civil a pedido da Folha. "Além da ferrugem que compromete a estrutura e as grades, surgiu um vão entre a passarela e o pilar em frente ao aeroporto. Ou seja, neste pilar todo o peso está apoiado de um lado só, que fica muito sobrecarregado", afirma Vagner Landi.
O engenheiro diz que o movimento intenso de veículos na avenida provoca trepidação, que, aliada a rajadas de vento, podem, no limite, derrubar a estrutura. "Deveria ser interditada já", diz.
A prefeitura reconhece o problema. A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras informa que "vai executar a obra de escoramento da passarela ainda este semestre".
Segundo a pasta, a medida "visa dar mais segurança aos usuários da passarela".
A obra tem orçamento de R$ 113 mil e prazo de 45 dias.
A passarela, projetada pelo arquiteto Vilanova Artigas, autor do estádio do Morumbi, foi aberta em 1974 e depois tombada por órgãos de defesa do patrimônio histórico.
Empresários de hotéis da região tentam há anos tirar do papel um projeto de reforma já aprovado --que inclui uma cobertura e elevadores para deficientes físicos.
Em 2005, o início das obras chegou a ser anunciado, mas uma investigação do Ministério Público freou a iniciativa, por considerar que ela atendia interesses particulares.
Agora os empresários buscam apoio de personalidades ligadas à causa da acessibilidade e querem fazer um acordo com a Promotoria.
"Ninguém vai começar uma obra com uma ação em andamento", diz Carlos Alberto Camargo, um dos empreendedores do hotel Ibis.
A Secretaria de Obras diz que "está em tratativas com outros órgãos da prefeitura para definir sobre a obra de recuperação ou a construção de uma nova passarela".
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