Fotos guardadas e sem autores contam história do aeroporto de Congonhas
Ainda não havia nem pista, nem saguão, nem aviões nem terminal de passageiros quando um fotógrafo registrou o chão de pedriscos do que viria a ser o campo de pouso de Congonhas.
Mal a cidade (ainda em formação) havia chegado até ali, naquela segunda metade dos anos 1930 --um imenso descampado formava o entorno.
Veio a inauguração, em 1936, e o aeroporto começou a ganhar forma: um prédio, outro, os hangares, a torre de controle, a vista para a avenida Washington Luís, a construção em art déco.
A história dos primeiros anos de Congonhas, hoje encravado na cidade, está contada em um acervo de 168 fotografias armazenadas em um armário no escritório de comunicação do aeroporto.
As fotos, inéditas, são um mistério mesmo para a Infraero, que as mantém: isso porque não há registro do nome do autor nem da data.
É possível, no máximo, notar que as imagens começam durante as obras e terminam por volta da década de 1950, antes de o terminal de passageiros ser inaugurado, em 1955.
A estatal diz que recebeu as imagens dessa maneira do Daesp, órgão do governo do Estado que era responsável por Congonhas até 1981. O Daesp tampouco tem documentação das fotos.
BUSCA
A Folha tentou descobrir a autoria das fotos de Congonhas com três especialistas.
"Tem muito valor histórico. Pesquiso há 30 anos e nunca havia visto essas imagens --e com essa característica, do aeroporto em construção", diz Rubens Fernandes Júnior, 62, pesquisador, crítico de fotografia e diretor da Faculdade de Comunicação e Marketing da Faap.
Rubens editou livros de fotógrafos que retrataram a capital paulista no início do século passado, como Aurelio Becherini, Guilherme Gaensly e também BJ Duarte.
"As imagens não são de nenhum desses", afirma.
Elas estão em um álbum encomendado pela Infraero e já desgastado; algumas estão soltas. Segundo a empresa, um novo álbum será providenciado neste ano.
É comum ter fotos "perdidas" em arquivos de empresas públicas, diz Rubens.
Ele explica que as imagens eram usadas em relatórios, como prova de que determinada obra estava em execução; isso se deu entre o final do século 19 e a primeiras décadas do século 20. Com o tempo, perdiam a utilidade.
Um dos expoentes da fotografia urbana nas décadas de 1940 e 1950, German Lorca, 90, também viu as fotos de Congonhas, mas não faz ideia quem as tenha feito.
Sergio Burgi, coordenador fotográfico do Instituto Moreira Salles deu outra negativa.
Para quem se interessar em descobrir a autoria, as imagens podem ser consultadas. Agendamentos devem ser feito no fone 0/xx/11/5090-9030.
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