Prefeitura deixa de arrecadar R$ 3 mi por ano com 'desconto' do Pacaembu
Com a mudança na legislação que ofereceu um tipo de "desconto" no aluguel do Pacaembu, a Prefeitura de São Paulo deixou de arrecadar R$ 9,4 milhões em três anos de vigência da nova regra e agora planeja subir o preço do aluguel do estádio ainda neste ano.
A ideia da gestão de Fernando Haddad (PT) é revisar a tabela dos preços cobrados dos times de futebol para obter um equilíbrio financeiro pelo menos até 2014, ano que vai marcar a inauguração do estádio do Corinthians e da nova arena do Palmeiras.
Mesmo com esses dois times adotando o Pacaembu como "casa" nas últimas temporadas, o complexo em que está o estádio registrou deficit de cerca de R$ 1 milhão em 2012 --arrecadou R$ 4 milhões, mas gastou R$ 5 milhões com manutenção, diz a prefeitura.
Levantamento feito pela Folha indica que, se estivesse valendo a regra antiga de aluguel, alterada em abril de 2010, a prefeitura teria arrecadado, em média, R$ 3,1 milhões a mais do que arrecadou por ano -ou R$ 9,4 milhões ao longo dos três últimos anos, quando foi instituído um teto de cobrança (veja detalhes no quadro).
Esse valor seria suficiente para cobrir o deficit e registrar superávit no Pacaembu. Os clubes alegam, no entanto, que se não fosse o "desconto" deixariam de jogar no estádio.
Ao alterar os preços cobrados para aluguel do estádio, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) fixou um limite máximo de cobrança. Desde a instituição desse teto do aluguel, a arrecadação da prefeitura deixou de ser totalmente proporcional à renda bruta da partida.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Das 188 partidas realizadas no estádio desde a mudança no aluguel, em 122 delas (65%) a arrecadação da prefeitura não acompanhou as receitas dos clubes com bilheteria.
Nesse período, foram 43 jogos com rendas milionárias, inclusive a maior da história do estádio municipal, os R$ 4,2 milhões de Santos e Peñarol, final da Copa Libertadores de 2011. Só nessa partida a prefeitura poderia ter arrecadado R$ 634 mil (15% da renda), mas ficou com R$ 65,9 mil (1,6% da renda), o teto daquele ano.
"A regra antiga era muito melhor", diz Luiz Sales, secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, que administra o estádio. "Um aumento de 20% a 40% do teto do aluguel vai ser bastante interessante para a receita do Pacaembu e não vai fazer tanta diferença para o clube", acredita Sales.
EQUILÍBRIO
Para não afastar os clubes do estádio, o secretário-adjunto de Esportes da gestão Haddad afirma ser favorável a uma solução negociada. Até por isso defende o aumento do teto do aluguel, não o fim dele.
"Em razão do equilíbrio [financeiro] necessário para a administração pública, trabalhamos com um plano para o Pacaembu que inclui contenção de gastos e aumento de receita" diz Luiz Sales. "Isso passa pela revisão da tabela [do preço cobrado pelo aluguel do estádio]."
Em 2012, foram 74 jogos realizados no estádio municipal. Para este ano, a previsão da prefeitura é de 78 partidas realizadas no local.
A prefeitura alega que um aumento do aluguel do estádio poderia ajudar na manutenção das outras 45 unidades esportivas municipais, que não têm receita própria significativa.
"A receita do Pacaembu ajuda a mantê-lo, mas também ajudaria a reformar o centro esportivo da Vila Curuçá [zona leste]", exemplifica o secretário-adjunto de Esportes.
A mudança na legislação feita em 2010 não contemplou o aluguel do campo de futebol para eventos artísticos, religiosos, culturais e políticos com cobrança de ingresso. Para esses eventos, a arrecadação continua sendo proporcional, sem teto.
Questionada sobre o porquê do "desconto" dado aos clubes de futebol, a gestão Kassab diz que em 2010 foi realizada uma "pesquisa de mercado" que constatou que o valor do aluguel do Pacaembu na época "estava acima do preço médio cobrado pelo mercado".
Dessa forma, diz a gestão Kassab, foi feita a mudança "para evitar que os grandes eventos esportivos fossem realizados em outras arenas, com impacto direto na arrecadação de São Paulo".
Julia Chequer - 26.abr.13/Folhapress | ||
Estádio do Pacaembu, na região central de São Paulo; Prefeitura de São Paulo deixa de arrecadar R$ 3 mi por ano com 'desconto' |
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