Protesto de parentes de vítimas de incêndio na Kiss tem discussão e empurra-empurra
Com faixas e cartazes, parentes das vítimas da tragédia na boate Kiss, no Rio Grande do Sul, fizeram uma nova manifestação na manhã desta sexta-feira (31) após os quatro principais acusados pelo incêndio terem sido soltos. Em protesto, o grupo entregou pizzas durante uma sessão da CPI que investiga o incêndio na Câmara Municipal de Santa Maria.
Houve confusão. No início da manhã, uma servidora da casa e um grupo de familiares das vítimas iniciaram uma discussão, com empurra-empurra. Após o ocorrido, a Câmara divulgou nota dizendo que lamenta o incidente e que solicitou uma cópia das imagens das câmeras de segurança para apurar o caso.
Acusados de incêndio na boate Kiss são soltos após decisão da Justiça
Familiares de vítimas da Kiss protestam contra liberação de acusados
"Trata-se de uma situação isolada, em que a postura de uma servidora não representa o posicionamento deste Poder Legislativo", afirma a nota.
A sessão desta sexta-feira foi a primeira da CPI após a Justiça decidir soltar quatro dos principais acusados pelo incêndio --os sócios da Kiss, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Leão.
Com o plenário lotado, familiares também aproveitaram para entregar duas pizzas aos vereadores.
Segundo Flávio José da Silva, 52, pai de uma das vítimas, o protesto surgiu de forma espontânea e serviu para pedir mais rigor às investigações.
"Até agora [a CPI] foi uma grande pizza. Quando teve a oportunidade de convidar testemunhas-chave no caso, a CPI achou por bem não convidá-los. Queremos que mais pessoas sejam ouvidas", afirma.
Após o protesto, representantes de familiares das vítimas devem se reunir com o Ministério Público na tarde desta sexta-feira para decidir as próximas estratégias e tentar reverter a soltura dos acusados.
"A Justiça alegou que não existe mais clamor popular para mantê-los presos. É só vir a Santa Maria para ver que ainda existe. Há famílias que chegam a fazer protesto na praça, todos os dias. Se isso não é clamor popular, não sei o que é", diz Jonas Stecca, advogado da associação que reúne os parentes das vítimas e sobreviventes.
Um novo protesto está marcado para a tarde de amanhã (1), na praça Saldanha Marinho.
LIBERAÇÃO
Os quatro principais acusados pelo incêndio na Kiss, que deixou 242 mortos, foram soltos na noite desta quarta-feira (29). Eles deixaram o presídio após decisão da Justiça.
Sócios da Kiss, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr são acusados de ter instalado espuma inadequada na casa. Já o vocalista Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Leão, da banda Gurizada Fandangueira, são acusados de terem usado o artefato pirotécnico que causou o incêndio.
Além dos presos que ganharam liberdade, também são réus no caso dois bombeiros acusados de adulterar documentos após o incêndio e duas pessoas acusadas de mentir à polícia durante a investigação. Todas respondem em liberdade.
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