Show de Daniela Mercury esquenta parada fria e chuvosa em São Paulo
O axé deu baile no bate-estaca da música eletrônica. O "tum-tum-tum" dos trios elétricos até que tentou esquentar a Parada Gay, mas quem atiçou a galera foi mesmo a cantora Daniela Mercury.
Num dia frio, de garoa incessante, até as "barbies" –aqueles gays hipermusculosos– buscavam algo para se aquecer. Por volta das 15h, quando o trio da Bahia passou diante do número 2.219 da Consolação, aí, sim, a parada finalmente pegou fogo.
Foi o momento em que Daniela abriu o show com a música "O Canto da Cidade".
Os hits se sucederam, e os discursos contra a homofobia, também. Daniela arrastou a maior multidão entre os 17 trios que participaram da Parada Gay de São Paulo -o governo baiano investiu R$ 120 mil no trio elétrico da cantora, como parte de uma ação que visa transformar a Parada Gay de Salvador na segunda maior de todo o país.
"É a primeira parada da minha vida. Estou delirando", disse Daniela à Folha no camarim, momentos antes de subir ao palco, onde cantou hits e marchinhas por quase duas horas. Sobre o tema da 17ª Parada do Orgulho LGBT, "Para o armário, nunca mais!", disse a cantora: "Acho que todo mundo tem que explodir o armário. A revolução sexual já aconteceu".
Em cima do trio de Daniela, um vaivém arretado: artistas, políticos, ativistas. O ator Gero Camilo estava lá, assim como o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) e a ministra da Cultura, Marta Suplicy.
"Fora, Feliciano. Eu quero é felicidade", gritou Daniela para a multidão, referindo-se ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Ligado à ala evangélica, Feliciano é considerado homofóbico e racista por entidades gays. O pastor foi o principal alvo da parada de ontem, tanto no chão como no alto dos trios elétricos.
"Só os gays se mobilizam? Ele esculhambou com os pretos, e os pretos não fizeram nada", disse Daniela, referindo-se à frase do deputado, em 2011, segundo o qual os africanos descenderiam "de ancestral amaldiçoado". Na ocasião, disse ter sido mal compreendido e que sua família "tem matriz africana". Ontem, não quis se pronunciar.
Daniela pediu tolerância às religiões afro-brasileiras. "A Constituição aceita todo o mundo do jeito que é", disse ela, que beijou sua mulher, a jornalista Malu Verçosa.
O público foi mais uma vez ao delírio. Naquela hora, a chuva engrossou, mas ninguém arredou os pés dali.
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