Anfitriã de boate, hostess barra falsos VIPs na balada
Toda noite, a hostess Nadia Edamatsu, 30, encara um festival de pegadinhas na organização da entrada das casas noturnas onde trabalha.
São truques usados por quem finge ser VIP para entrar de graça sem pegar filas.
Meme de blogueira barrada na balada vira até propaganda
A cada jornada, Nadia enfrenta 15 "carteiradas" (gente que alega ser da imprensa ou da polícia), dez falsos "amigos do dono" e um sem número de pedidos para "dar uma olhada" na pista antes de ingressar na fila pagante.
Foi este o caso de Giovanna Ferrarezi, 20. A garota ficou conhecida como "blogueira da Capricho" após relatar no Facebook ter usado o nome da revista numa tentativa frustrada de entrar no Club Yatch, em São Paulo, só para "dar uma olhada".
Nadia teria respondido com outra pergunta: "Mas a Capricho não acabou?".
Avener Prado/Folhapress | ||
A hostess Melissa Depeyre na porta da Yatch: "Tem muita gente folgada". |
Na rede social, a blogueira classificou o episódio como hostilidade de quem tem "poderzinho nas mãos" sem perceber que, ao citar a revista para obter um privilégio, exercia certo "poderzinho".
O post gerou milhares de comentários irônicos e virou fenômeno. "Trabalho há oito anos na noite e estou careca de conhecer truques", diz a hostess.
"As pessoas são insistentes e este foi o caso desta menina. Na primeira abordagem, explico que imprensa tem de estar na lista. Na segunda, sou firme. Na terceira, sou dura mesmo", diz. "Quem está há uma hora na fila merece minha atenção. Não posso perder tanto tempo com quem insiste num truque para passar na frente."
À Folha, a blogueira conta que já obteve "benefícios por ter um blog". "Se estivesse dando 'carteirada', não teria receio de falar. Por mais que as pessoas interpretem como falta de educação ou síndrome de superioridade, isso acontece o tempo todo."
QUERO SER VIP
A hostess Renata Bastos, 31, gostou de ver o debate em torno do caso. "Muita gente acha que é VIP só porque têm seguidores no Instagram."
Elton Bergamo, 37, host do finado Vegas, lembra da mulher que mostrou a carteira de detetive "dessas vendidas em banca de jornal" para pedir passagem. "Caí na risada!"
Rick Levy, de 40 anos, 12 deles como host, conta que caiu no truque da "olhadinha" uma vez. "Meia hora depois, o segurança encontrou o cara fervendo na pista."
Marcelo Ferrari, a Marcelona, aprendeu em 20 anos de noite a se livrar "dos chatos do truque". "A prioridade é colocar para dentro quem está pagando e quer ser feliz."
"As pessoas pegam fila no cinema, no restaurante e no show, mas não querem pegar na boate. É um negócio como outro qualquer", diz o empresário Facundo Guerra, dos clubes Lions e Yatch. "Para mim, VIP é cortesia de profissão para outros donos de boates, DJs e promoters."
Para André Almada, da The Week, as pessoas não querem ser VIPs para "economizar", mas pelo "reconhecimento social perante os outros".
A hostess Melissa Depeyre diz que vários clubes têm hoje 15 minutos de tolerância. "Quem entrar na festa e não gostar, tem 15 minutos para sair sem pagar. Mas tem que pegar a fila normalmente."
Colaborou JULIANA GRAGNANI
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