'Mímica ajudou muito', diz médica boliviana no interior de PE
Muito antes de o governo federal lançar o programa Mais Médicos para trazer ao país profissionais estrangeiros, a boliviana Lipcia Rivera começava a atuar em dois dos municípios mais pobres do sertão de Pernambuco.
Natural de Cochabamba, Lipcia atende há cinco anos em Itaíba e Manari --cidade que já registrou o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país e agora detém apenas o título de pior índice do Estado.
Formada na Bolívia, a médica, que preferiu não informar a idade à reportagem ("ah, coloca aí o quanto você acha que eu pareço"), veio para o Brasil estudar oftalmologia. Acabou se dedicando à saúde da família, passou por vários Estados e fixou-se no sertão.
Está na lista de quase 50 estrangeiros que já atuam em Pernambuco.
Como veio bem antes do programa Mais Médicos, precisou revalidar o diploma, o que não é necessário para os médicos trazidos agora pelo governo.
Daniel Carvalho/Folhapress | ||
Médica boliviana Lipcia Rivera atende em Manari e Itaíba, no sertão do Pernambuco; 'mímica ajudou', diz ela sobre começo no Brasil |
Antes de revalidar o certificado, Lipcia precisou cursar quatro disciplinas que não tinha visto em seu curso na Bolívia.
"Foram quatro anos fazendo provas, complementações", disse a médica.
A boliviana disse ter aprendido português no Brasil e afirmou que as pessoas não têm dificuldade para entender o que fala.
Com pacientes mais velhos, que não têm familiaridade com outros sotaques, ela repete as orientações até que tudo fique claro.
"A mímica ajudou muito [no começo da carreira no Brasil]. Hoje não preciso mais", afirmou.
Mas Lipcia diz que a língua está longe de ser a maior dificuldade da profissão.
"Quem precisa de médico precisa. O problema é a estrutura, que não tem. Aqui tenho condições de fazer o básico", diz a médica.
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